2021: ano internacional da economia criativa para o desenvolvimento sustentável
por: Iara Vidal
A Economia Criativa sofreu forte impacto devido à pandemia de coronavírus. Por isso, a importância da escolha da Organização das Nações Unidas (ONU) de declarar 2021 como ano internacional da economia criativa para o desenvolvimento sustentável. A decisão tem potencial para alavancar as propostas defendidas pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), que sustenta o segmento produtivo como eixo de desenvolvimento para o Brasil.
Ao longo de 2021, os estados-membros da ONU adotarão medidas para aumentar a consciência sobre Economia Criativa. Está entre os objetivos do organismo internacional promover a cooperação e o trabalho em rede, incentivar o compartilhamento de melhores práticas e experiências, aprimorar a capacidade dos recursos humanos, promover um ambiente favorável em todos os níveis e enfrentar os desafios do setor.
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A Economia Criativa é a nova força econômica do mundo e envolve atividades como moda, arquitetura, design, música, audiovisual, dança, teatro e games. Esses empreendimentos foram, de diferentes maneiras, profundamente impactados pela crise sanitária deflagrada pela Covid-19.
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O segmento cultural, por exemplo, sentiu severamente o baque do isolamento social com a suspensão de atividades em museus, casas de espetáculos, teatros e cinemas. Foi o primeiro a fechar e deve ser o último a reabrir. Já a indústria de games e os estúdios de animação tiveram na crise uma oportunidade de crescimento.
Autorreforma do PSB
"Nosso partido, o PSB, adotou desde 2018, durante o XIV Congresso Nacional, a Economia Criativa como estratégia de Desenvolvimento, como eixo estratégico de um projeto nacional de desenvolvimento. A economia criativa é capaz de juntar canais a partir de atividades econômicas, desde o artesanato até a criação de softwares, passando pela música, pelas artes plásticas e pelo entretenimento?, afirmou Domingos Leonelli, presidente do Instituto Pensar, coordenador do site Socialismo Criativo e secretário especial da Executiva Nacional do PSB.
Na visão do partido, os alicerces da Economia Criativa, a inovação e a criatividade, representam a possibilidade real de um renascimento criativo da indústria, da agricultura, do comércio e dos serviços, em novas estruturas tecnologicamente atualizadas. Essa é a ideia central da Autorreforma do PSB ao adotar esse segmento da economia como eixo de desenvolvimento do Brasil.
"A Economia Criativa não é apenas mais um ramo da economia que reúne uma série de atividades altamente produtivas, mas sim, uma estratégia de desenvolvimento, que pode possibilitar ao Brasil uma inserção soberana na economia globalizada, nas novas cadeias de valor do mundo moderno.?
Autorreforma PSB
Os socialistas defendem que o Brasil precisa de um projeto que democratize a economia criativa nos aspectos produtivos, de consumo e de qualificação de mão de obra. O PSB propõe três eixos estratégicos para impulsionar a economia criativa. O primeiro trata de alinhar inteligências disponíveis no país; o segundo, organizar os esforços estatais para fomentar parcerias com a iniciativa privada; e o terceiro, organizar uma aliança desse novo complexo produtivo para ampliar exportações.
Pesquisas nacionais sobre Economia Criativa
Ao longo de 2020, dois estudos nacionais sobre os efeitos da pandemia na economia criativa foram publicados. Um pela Fundação Getúlio Vargas em parceria com a Secretaria de Economia Criativa de São Paulo (SEC-SP) e pelo Sebrae; e outro pelo Observatório da Economia Criativa da Bahia ? Obec-BA (UFBA, Uneb e UFRB), em parceria com o think tank cRio ESPM Rio, com o Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O estudo nacional realizado pela FGV foi divulgado em julho do ano passado e mostrou que a economia criativa teve queda de 31,8% do PIB do segmento em 2020. O levantamento projetou que naquele ano, o PIB do setor criativo seria de R$ 129,9 bilhões e este ano deverá fechar em 181,9 bilhões. No biênio 2020-2021, a Economia Criativa registrará uma perda R$ 69,2 bilhões. Ainda assim, revelou o estudo, o segmento tem potencial para alavancar uma retomada, graças à velocidade de resposta e emprego intensivo de mão de obra, características de atividades dessa indústria criativa.
A "Pesquisa de Conjuntura do Setor de Economia Criativa ? Efeitos da Crise da Covid-19? foi realizada entre os meses de maio e junho de 2020, ouviu 546 entrevistados de todas as regiões do país e abrangeu os setores Consumo (publicidade e marketing, arquitetura, design e moda); Cultura (expressões culturais, patrimônio e artes, música, artes cênicas); Mídias (editorial e visual); Tecnologia (P&D, biotecnologia e desenvolvimento softwares, robótica e sistemas).
Já o estudo do Obec-BA, "Os impactos da Covid na Economia Criativa? teve o resultado final divulgado em setembro e teve como objetivo analisar os efeitos da crise causada pela pandemia nas áreas culturais e gerar dados para contribuir com a elaboração de ações para a retomada do setor. A pesquisa nacional foi realizada remotamente e colheu informações de mais de 2.600 respondentes, entre pessoas físicas e jurídicas das áreas culturais, artísticas e criativas do Brasil.
As respostas ao questionário do observatório baiano mostraram, entre outros dados, que pouco mais da metade das organizações (50,2%) teve que demitir e 65,8% tiveram que fazer algum tipo de redução em contratos. A imprevisibilidade do lançamento de uma vacina e do retorno das atividades presenciais agrava a perspectiva do setor. Para 51% dos pesquisados não há como estimar a quantidade de cancelamentos de trabalho no segundo semestre do ano e 65% das organizações não conseguem fazer essa estimativa para 2021.
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