Banco das Favelas, com aporte de R$ 1,8 mi, começa a funcionar este mês
por: Iara Vidal
Até o final deste mês de fevereiro entrará em funcionamento o "Banco G-10?, iniciativa de líderes comunitários das dez maiores favelas do Brasil, o G-10 Favelas. Com capital inicial de modestos R$ 1,8 milhão, aportado por "investidores anônimos?, a instituição de microcrédito ajudará empreendedores e moradores destas localidades em um momento crítico da pandemia do coronavírus, sem auxílio emergencial e com altos índices de desemprego.
O aporte inicial do Banco G-10 está muito aquém de rendimentos de quase R$ 120 bilhões por ano apontados pela pesquisa "Economia nas favelas?.
O estudo mostra que o poder de consumo das comunidades analisadas é maior do que alguns países como o Paraguai, Uruguai e Bolívia, e supera os rendimentos de 20 das 27 unidades da federação e reúnem nada menos do que 13,6 milhões de pessoas, com uma renda domiciliar per capita de R$ 734,10.
45 milhões de brasileiros sem conta
O estudo mostra que 45 milhões de brasileiros ? cerca de um em cada três adultos ? não tinham conta em banco em 2019. Essa dificuldade de acesso ao crédito ocorre, principalmente, em decorrência da desconfiança entre os bancos e as pessoas de baixa renda ou desempregadas.
Obter um empréstimo também é difícil para famílias ou pequenos empresários das favelas, que nestes tempos de crise poderiam utilizá-los para manter os negócios funcionando.
O Banco G-10 surgiu da coordenação entre duas favelas do Rio de Janeiro, duas de São Paulo e seis de outras regiões, que formaram um "G10 das Favelas?.
O grupo conduz projetos que vão da distribuição de cestas básicas à prestação de assistência médica, além da assistência jurídica. Agora, a área de atuação se estende aos serviços financeiros e receberá assessoria de economistas e especialistas em finanças. Um terço dos lucros financiará programas sociais criados durante a pandemia.
Poder de compra das favelas
Além de dar empréstimos a juros baixos aos empreendedores das favelas, o novo banco pretende oferecer aos moradores um cartão para compra de produtos essenciais nas lojas da região no valor equivalente a uma cesta básica. As favelas brasileiras reúnem um enorme poder de compra, o que justifica receber atenção adequada de empresas de bens de consumo e serviços.
Leia também: Nós por nós: como as favelas estão superando a Covid-19
A exemplo dos grandes blocos econômicos, o G-10 das favelas promove encontros regulares, estabelece termos de cooperação, faz coleta de dados, acompanha ações e mede impacto social e crescimento dos integrantes. A ideia é inspirar olhares para a favela como pólo de negócios para empreendimentos de impacto social e fomentar investimentos para o desenvolvimento econômico dessas comunidades.
A iniciativa se inspira em experiências locais, como a do pioneiro Banco Palmas, em Fortaleza, e nas teorias e ações em Bangladesh de Muhamad Yunus, Prêmio Nobel da Paz e pioneiro do microcrédito por meio do banco Grameen.
Com informações do Valor Econômico e UOL
0 Comentário:
Nome: | Em: | |
Mensagem: |