Procuradores criticam Moro por interferir nas eleições de 2018
A decisão do então juiz Sergio Moro de acabar com o sigilo da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci a uma semana das eleições de 2018, em um desenrolar da operação Lava Jato, foi considerada abusiva até por integrantes do Ministério Público Federal (MPF).
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O diálogo entre os procuradores foi obtido pela Operação Spoofing, que apura a ação de hackers contra celulares de autoridades da República, e divulgada pela ConJur. Os erros ortográficos e as abreviações foram mantidas.
No dia 1º de outubro de 2018, após a integrante do MPF em São Paulo Janice Ascari comentar que Moro divulgou a delação de "palófi?, a procuradora Hayssa Medeiros afirma: "Não ia perder a viagem?.
Silvana Batini, do MPF do Rio, então questiona: "pq Moro fez isso só agora??. Os procuradores Danilo Pinheiro Dias e Vladimir Aras também fizeram o mesmo questionamento.
O procurador João Carlos de Carvalho Rocha critica de forma mais direta a tentativa de Moro de interferir na disputa eleitoral. "Parece que o Judiciário está tentando, mais uma vez, ser protagonista do processo político. Vejo nesse levanamento do sigilo tentativa de influenciar na eleição presidencial. Espero estar errado.?
Em resposta a Rocha, o procurador Angelo Augusto Costa levanta a hipótese de a divulgação da delação de Palocci não ter sido feita com o objetivo explícito de influenciar as eleições. "Acredito que vc não esteja totalmente errado. Seria surpreendente se o Judiciário não se sentisse tentado a influenciar. Mas pode ter havido uma contribuição involuntária da ordem processual.?
A procuradora Luiza Frischeisen pergunta se o levantamento do sigilo da colaboração premiada foi de ofício ou se tinha pedido das partes. Vladimir Aras diz que "parece que foi de ofício?.
"Acho que não precisava torná-la pública. Se era para garantir a ampla defesa, que se desse conhecimento restrito aos réus. Não precisava pôr no mundo?, opinou Aras. "Exato. Foi, no mínimo, falta de sensibilidade com o momento que o país vive?, acrescenta Danilo Dias.
O procurador Luiz Lessa então afirma: "Moro é meio porra louquinha ou é impressão?? Rocha volta a criticar a decisão de Moro: "Ativismo judicial evidente. É a banda de música da nova UDN tocando no coreto do salvador da Pátria. E viva a Redentora!? Luiza concorda.
Delação de Palocci
A delação, em que Antonio Palocci acusava o ex-presidente Lula de corrupção, foi utilizada na campanha eleitoral de Jair Bolsonaro (sem partido) para atacar o candidato do PT a presidente, Fernando Haddad.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pediu a Sergio Moro explicações sobre a publicidade. Em resposta ao Conselho, Moro afirmou que não ?inventou? a fala do ministro ou os fatos ali descritos. Ele afirmou ainda que não podia interromper os seus trabalhos apenas porque havia uma eleição em curso.
Em agosto do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu tirar a delação de Palocci de ação penal contra Lula. A Segunda Turma da Corte entendeu que foi ilegal a inclusão da colaboração do ex-ministro.
"Essa demora parece ter sido cuidadosamente planejada pelo magistrado [Moro] para gerar verdadeiro fato político na semana que antecedia o primeiro turno das eleições presidenciais de 2018?, disse na ocasião o ministro Gilmar Mendes.
Com informações da ConJur
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