A Frente Ampla deu xabu? A traição da direita
por: Domingos Leonelli
Escrevo há 15 minutos do início da votação para presidência da Câmara dos Deputados, com o candidato de Jair Bolsonaro (sem partido), o deputado Arthur Lira (PP-AL), sendo franco favorito.
Articulada no parlamento pelo neo-liberal Rodrigo Maia (DEM-RJ), formou-se uma frente politica parlamentar que reuniu a esquerda, parte do centro e a direita de compromisso com a democracia representativa. Dela participavam PSB, PDT, DEM, PSDB, PT, MDB, Rede, PV, Cidadania e Solidariedade. Programas e propostas absolutamente diferentes em todos os níveis, mas com um compromisso comum: a defesa do estado de direito democrático.
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Em torno da candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB-SP) mobilizaram-se ainda presidentes de partidos, governadores, prefeitos e lideranças ligadas aos partidos envolvidos, principalmente os de esquerda.
O PSB, por exemplo, realizou uma reunião do seu Diretório Nacional que decidiu por 80 votos a zero contra o apoio a Arthur Lira, como pretendido por alguns dos seus parlamentares.
Estava formada, na prática, a Frente Ampla pela Democracia que poderia enfrentar as ameaças autoritárias e genocidas do presidente Bolsonaro. Mas na hora da onça beber água, levanta-se a força do presidencialismo corruptor e a fraqueza corrupta do parlamento brasileiro. E qual é o primeiro segmento a sucumbir? A direita dita democrática.
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Qual a segunda? O centro fisiológico.
O DEM, o Solidariedade e o PSDB abandonaram o barco e passaram a se vender no varejo.
O presidente do DEM, ACM Neto, seguindo a tradição do avô, que traiu Juracy Magalhães, JK e outros, é o primeiro a trair Rodrigo Maia. Talvez, também, por não suportar o protagonismo do seu companheiro de partido.
O PSDB sobe no seu eterno muro. A força da grana e dos cargos, quando combinadas, é irresistível para a direita.
Ao final, Rodrigo Maia e Baleia Rossi vão contar mesmo é com a esquerda que honra seus compromissos com o Brasil e com a democracia.
Rodrigo pagará por seu erro de não pautar o impeachment de Bolsonaro.
A esquerda seguirá o seu rumo, sabendo que a primeira tarefa é construir a unidade da própria esquerda, mobilizar a sociedade e unir os verdadeiros democratas para fazer uma reforma politica que substitua esse presidencialismo malsão, e leve a uma depuração do parlamento que o livre do "profissionalismo? de deputados e senadores que se deixam corromper pelos primeiros trinta dinheiros.
*Domingos Leonelli é ex-deputado federal, atualmente presidente do Instituto Pensar e coordenador do portal Socialismo Criativo
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