Instituto Pensar - Antigos aliados, caminhoneiros agora miram em Bolsonaro: ?ele não quer nos escutar?

Antigos aliados, caminhoneiros agora miram em Bolsonaro: ?ele não quer nos escutar?

por: Eduardo Pinheiro


Wallace Costa Landim, conhecido como chorão, foi um dos líderes da greve dos caminhoneiros em 2018.REPRODUÇÃO FACEBOOK

Na greve dos caminhoneiros em maio de 2018, uma parte considerável dos caminhoneiros ostentava em seus para-brisas bandeiras de apoio ao então pré-candidato à Presidência, Jair Bolsonaro. Agora, com o início de outra greve a partir desta segunda-feira (1º), os dois grupos se encontram em lados opostos.

A decisão de promover a greve foi tomada no dia 15 de dezembro do ano passado, em assembleia geral extraordinária do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC). O conselho reúne 40 mil caminhoneiros em São Paulo e tem afiliados em outros estados. Mas, como são várias as entidades que representam a categoria, ainda não se sabe que tamanho terá a mobilização.

Segundo Plínio Dias, presidente do CNTRC, a situação é "pior? do que a que levou à mobilização naquele ano eleitoral.

"As nossas pautas, que a gente trabalhou em 2018, a gente ganhou e não levou. O que funciona é só o eixo erguido do pedágio, pra não pagar. Todas as reivindicações de 2018 não vingaram, só uma, que é a do eixo erguido?, explicou.

Insatisfação crescente

A insatisfação dos caminhoneiros com o Governo Federal aumentou após uma nova elevação do preço do óleo diesel pela Petrobras. O presidente, que já fez dois apelos aos caminhoneiros, afirmou que pretende reduzir os impostos sobre o diesel para aliviar o bolso dos trabalhadores e compensar a alta de 4,4% do preço do combustível. No entanto, afirmou que a conta para retirar os impostos não é fácil.

O aceno de Bolsonaro, porém, não convenceu a categoria, segundo o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão. 

 "Queremos saber como isso vai ser feito, de onde vai tirar esse dinheiro, qual a mentalidade do ministério da Economia. Queremos um estudo, algo concreto?, explica.

O presidente da Abrava afirma que as falas de Bolsonaro em sua campanha presidencial precisam ser cumpridas.

"Ele falava do preço do combustível, dos valores exorbitantes de pedágio, de que isso não podia acontecer. E acreditamos nele. A categoria fez uma campanha totalmente gratuita para Bolsonaro, com apenas o pedido de que as nossas demandas fossem atendidas. As leis que conquistamos precisam ser cumpridas. Eu já recebi ligação do presidente no meu telefone. Agora, ele não quer nos escutar?, pontua Lamdi.

Alerta ao governo

Na avaliação de Rafael Cortez, cientista político da consultoria Tendências, apesar da pressão da categoria nas últimas semanas, o clima de insatisfação agora parece menor do que em 2018. No entanto, o desgaste serve de alerta para o Governo, que pode perder uma frente importante de aliados.

"O presidente vai tentar fazer o possível para barrar essa greve ou pelo menos minimizar o tamanho do ato. A repetição do que foi 2018 seria mais um baque e mais um elemento de perda de popularidade no curto prazo, até porque esse primeiro trimestre ainda vai ser de muitas notícias negativas da pandemia e da economia?, diz.

Com informações do El País e Congresso em Foco



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