Ministro diz que caminhoneiros precisam ?desmamar? do governo; grevistas interditam pistas em SP
por: Nathalia Bignon
Na manhã desta segunda-feira (1º), caminhoneiros interromperam o fluxo de duas pistas da Rodovia Castello Branco, em São Paulo, em protesto contra a política de preços estabelecida pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido). A manifestação ocorre diante da promessa de paralisação da categoria e após a revelação do Uol sobre o conteúdo de um áudio enviado pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, no qual antecipa que não vai atender a nenhuma reivindicação. Conteúdo da mensagem inflamou profissionais que pedem a greve.
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Segundo o portal de notícias, a conversa teria ocorrido no sábado (30), entre Freitas e um representante da categoria, que se identifica como vice-presidente da associação de caminhoneiros da cidade gaúcha de Capão da Canoa. Na mensagem, o ministro de Bolsonaro diz que é impossível não só atender as reivindicações atuais, como também fiscalizar o cumprimento dos benefícios conquistados pelos caminhoneiros na greve de 2018.
"Achar que tem que fazer paralisação para conversar? esquece. Na verdade, a paralisação fecha portas?, antecipou o ministro.
O ministro diz ainda que os caminhoneiros precisam "desmamar? do governo; que os integrantes da categoria devem pensar como empresários; haver obstáculos econômicos agravados pela ação de prefeitos e governadores que "fecharam tudo? (referência a localidades que tiveram lockdown para conter a pandemia) que suspeita de motivação política na paralisação, por estar marcada para o mesmo dia da votação da presidência da Câmara dos Deputados.
Reivindicações dos caminhoneiros
Entre outras reivindicações, os grevistas exigem a redução de cobrança de PIS/Cofins sobre o óleo diesel, o aumento e cumprimento da tabela do piso mínimo do frete, estabelecido em 2018 após a paralisação de 11 dias, modificação da redação do projeto 4199/2020, o BR do Mar, sobre cabotagem, aposentadoria especial para o setor, um marco regulatório do transporte, entre outros pedidos.
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O protesto na Castello Branco desta manhã, segundo os líderes, foi organizado por autônomos. A reivindicação, porém, diferencia das que foram apresentadas pelas entidades que organizam a greve, que tem como principal bandeira a alta do preço de combustíveis.
"Nossa reivindicação é por redução do ICMS porque faz a economia girar. É bom para nós e a economia inteira. E contra os pedágios abusivos. Somos pela volta ao trabalho. Ninguém mais aguenta ficar em casa?, disse o líder da manifestação na Castello Branco, Claudinei Habacuque.
Promessa de greve
Caminhoneiros de todo o país prometem iniciar hoje uma greve por tempo indeterminado. A adesão à paralisação, porém, não é consenso, e a extensão do movimento ainda é incerta.
As principais entidades à frente da convocação são a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), a Associação Nacional de Transporte no Brasil (ANTB) e o Conselho Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC). Outras entidades são contra a manifestação, inclusive algumas que participaram da greve de 2018, como a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) e a Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Autônomos (Abrava).
Ministério nega retenção
Apesar do ato em São Paulo, o Ministério da Infraestrutura e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulgaram comunicado no qual informam que, às 6h desta segunda-feira, todas as rodovias federais, concedidas ou sob gestão do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), encontram-se com o livre fluxo de veículos, não havendo nenhum ponto de retenção total ou parcial.
Com informações do Uol e Estadão
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