Governo pagou R$ 162 por cada lata de leite condensado
Na cena política nacional, o leite condensado ganhou destaque como protagonista nas compras do governo federal. Foram R$ 15 milhões gastos na compra do produto em 2020.
Os valores foram divulgados pelo Portal Metrópoles no último domingo (25), de acordo com os dados do Painel de Compras, atualizado pelo Ministério da Economia e rapidamente o assunto tomou as redes sociais. Internautas buscavam explicações sobre como a administração federal ? o que inclui de ministérios a autarquias ? gastou cinco vezes mais com doce do que com o monitoramento por satélite de toda a Amazônia. Mas há, porém, outro dado absurdo que "explique?.
Após a divulgação da lista da aquisição dos alimentos de 2020 pelos órgãos do Executivo federal, é possível identificar o valor unitário de cada lata de leite condensado: R$ 162. O produto, de acordo com o certame, é do tipo desnatado, com leite in natura, light e de 350g. Uma unidade parecida custa em torno de R$ 5 nos mercados do país.
Os mais de R$ 15 milhões gastos na compra do produto renderam nada menos do que cerca de 2,5 milhões de latas, ou seja, 7.200 latas por dia ao longo do ano passado. De acordo com as especificações da compra, o objetivo foi "cobrir despesa com aquisição de gênero alimentício para o aprovisionamento?.
A fornecedora do produto foi a empresa "Saúde & Vida Comercial de Alimentos Eireli?, de Brasília, que é classificada como microempresa. A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) informou pelo Twitter sobre seu endereço:
Todos os órgãos do executivo pagaram, juntos, mais de R$ 1,8 bilhão em alimentos ? um aumento de 20% em relação a 2019. Há ainda outros gastos exorbitantes e cujas explicações são demandadas desde a divulgação da lista, como R$ 1 milhão em alfafa, R$ 2 milhões com chiclete e R$ 6,6 milhões com bombom.
Portal da Transparência fica fora do ar
Após a polêmica, o Portal da Transparência do governo federal saiu do ar na noite desta terça-feira (26), retornando apenas às 8 horas desta quarta-feira (27). Alguns internautas comentaram a relação entre o problema no Portal da Transparência com a repercussão dos gastos públicos.
"Material para uns 300 impeachments?
O economista Eduardo Moreira também foi às redes sociais nesta terça-feira (26) comentar a compra superfaturada de leite condensado do governo Bolsonaro. Segundo ele, a exposição "rende material para uns 300 impeachments? contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Veja também: PSB e partidos apresentarão novo pedido de impeachment na quarta (27)
Parlamentares acionam o TCU
Os parlamentares Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES) protocolaram hoje (26), uma representação ao Tribunal de Contas da União (TCU) contra a Presidência da República a respeito dos gastos.
"Em meio a uma grave crise econômica e sanitária, o aumento de gastos apontado pelas matérias é absolutamente preocupante, tanto pelo acréscimo de despesas como pelo caráter supérfluo de muitos dos gêneros alimentícios mencionados. Esse cenário, como se passará a demonstrar, exige uma análise detida e criteriosa por parte do Tribunal de Contas da União?, diz documento.
O PSOL também protocolou uma ação na Procuradoria-Geral da República (PGR), pedindo ao procurador Augusto Aras que investigue os gastos.
Com informações do Metrópoles, Folha de S.Paulo e Congresso em Foco
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