Instituto Pensar - Vaga que será deixada por Mello no STF já movimenta ala evangélica

Vaga que será deixada por Mello no STF já movimenta ala evangélica

por: Nathalia Bignon


(Brasília ? DF, 29/04/2020) Presidente da República, Jair Bolsonaro durante Assinatura do Termo que dá posse ao Ministro da Justiça e Segurança Pública, André Luiz Mendonça ? (Foto: Carolina Antunes/PR)

A vaga que será deixada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, após a sua aposentadoria, prevista para julho deste ano, já começou a movimentar os bastidores do Planalto, sobretudo entre integrantes da ala evangélica ligada ao governo.

Além de juiz federal carioca William Douglas dos Santos, cotado para assumir a vaga de desembargador no Tribunal Regional Federal da 2ª Região em fevereiro, outros dois nomes voltaram a mexer peças para avançar na disputa: o ministro da Justiça, André Mendonça, e o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins.

Disputa desde a vaga de Celso de Mello

Assim como Mendonça, o nome de William Douglas vinha sendo ventilado como possível indicação de Jair Bolsonaro desde que o decano Celso de Mello deixou a Corte, em outubro de 2020.

Na mesma época, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) recebeu em seu gabinete o juiz carioca para tratar da nomeação. De acordo com o jornal O Globo, o magistrado é o preferido de lideranças evangélicas como o bispo Estevam Hernandes, da Igreja Renascer em Cristo, e o missionário R.R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, além de ser visto com bons olhos pela maioria da bancada da Bíblia no Congresso Nacional.

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"Os evangélicos já representam quase 40% da população e não há nenhum ministro evangélico no STF, apenas católicos e judeus. André Mendonça é um bom nome, mas talvez não tenha a capacidade jurídica de William Douglas?, afirmou R.R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, ao jornal. "Ele é um homem íntegro, de família, com princípios e valores cristãos. Seria um bom nome, mas há outros?, completou Estevam Hernandes.

"Terrivelmente evangélico?

Quem colocou as igrejas como atores preponderantes no processo foi o próprio Bolsonaro. Em 2019, o presidente, que se elegeu com apoio da base ligadas à religião, prometeu entregar uma das duas vagas que tem direito a preencher durante o mandato para alguém "terrivelmente evangélico?.

No entanto, quando selecionou o piauaiense Kassio Nunes Marques, Bolsonaro deixou lideranças irritadas por não serem contempladas.

O pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo e um dos seus principais apoiadores, gravou vídeos contra a escolha, e o rompimento da aliança com o Planalto ficou por um fio.

Para aplacar a ira da bancada evangélica, o ex-capitão do Exército dobrou a aposta no discurso e disse em evento da Assembleia de Deus que escolheria não apenas um fiel, mas um pastor para o STF. Se realmente cumprir a promessa, apenas William Douglas e André Mendonça preencheriam os requisitos.

Aval de Malafaia para o STF

Malafaia, que até o ano passado apresentava-se como defensor do nome de William Douglas, passou a não se opor mais caso o ministro da Justiça de Bolsonaro seja indicado. "Ele contemplaria os evangélicos?, tem dito a interlocutores.

Nas últimas semanas, André Mendonça subiu na bolsa de apostas para a Corte por dois motivos: tem se mostrado leal ao presidente, seja batendo recorde de abertura de inquéritos com base na Lei de Segurança Nacional em cima de críticos do Planalto ou atacando seus adversários.

No fim do ano, disparou nas redes contra o ex-ministro Sergio Moro. Além disso, Mendonça não é rejeitado no STF, sendo elogiado com frequência pelo presidente Luiz Fux.

Perfis de Mendonça e Santos

As trajetórias dos dois favoritos ao posto são distintas. William Douglas, de 53 anos, tem no currículo três décadas como advogado, delegado, defensor público e juiz, além de uma carreira de sucesso com a venda de livros (são 59 ao todo nas áreas de preparo para concursos públicos, desenvolvimento pessoal e outros).

Já Mendonça, de 48 anos, começou como advogado da BR Distribuidora e ingressou na carreira de advogado da União em 2000, onde exerceu diversas funções até ser nomeado no início do governo Bolsonaro como chefe da Advocacia-Geral da União (AGU).

Com informações do jornal O Globo



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