Portugal reelege presidente; socialista fica à frente da extrema direita
por: Nathalia Bignon
Como esperado, os portugueses reelegeram neste domingo (24) o presidente Marcelo Rebelo de Sousa, de 72 anos, que ocupará a presidência da República por um último mandato de cinco anos. Ele tem um perfil conservador e é visto pelos portugueses como carismático e próximo das pessoas.
Rebelo alcançou 60,7% dos votos, obtidos com o apoio da direita moderada e também de muitos eleitores socialistas. O presidente de centro-direita mantém uma boa relação com o primeiro-ministro socialista, António Costa, com quem tem trabalhado em conjunto, principalmente no combate à pandemia.
A segunda colocada na disputa foi a socialista Ana Gomes (PS), com 12,97%. Praticamente ausente do Parlamento, a extrema direita amargou o terceiro lugar, com André Ventura, do partido Chega, registrando 11,9%. Ventura integra, desde o final do ano passado, a coalizão de governo na região autônoma dos Açores ao lado do PSD (Partido Social-Democrata), de centro-direita, antiga legenda de Rebelo de Sousa.
Seu resultado nas eleições presidenciais, considerado "histórico? por André Ventura, representa a coroação desse processo. Ainda assim, o deputado ofereceu sua demissão da liderança do partido, por não ter alcançado o almejado segundo lugar.
Combate à pandemia em Portugal
Em discurso após a confirmação da vitória, Rebelo de Sousa afirmou que a principal urgência de Portugal é o combate à pandemia da Covid-19. No sábado, o país registrou 11.721 contágios e 275 mortos. A eleição, inclusive, foi marcada pela abstenção de pouco mais de 60% e pelo confinamento devido à expansão da doença, que tem causado mais de 200 mortos por dia no país nas últimas semanas.
"A 2 de novembro, dia da evocação das vítimas da pandemia no Palácio de Belém, havia 2590 mortos. São agora 10469. Para eles, assim como para os mortos não Covid, destes quase 11 meses de provação, vai o meu, o nosso primeiro emocionado pensamento?, disse o presidente reeleito, em seu primeiro discurso.
Analistas disseram que os eleitores portugueses optaram pela estabilidade em meio à tormenta causada pela crise sanitária. O país está já há algumas semanas em seu segundo lockdown.
Pluralismo, justiça social e combate ao extremismo
Para Marcelo Rebelo de Sousa, sua reeleição comprovou a "renovação da confiança no Presidente da República em funções?, dizendo sentir-se "profundamente honrado e agradecido?. Ele também declarou que o resultado nas urnas comprova que os portugueses querem um Presidente "que respeite o pluralismo e a diferença, um Presidente que nunca desista da justiça social?.
Ainda no discurso da vitória, o mandatário português ainda disse ter visto duas mensagens "muito claras? sobre o pleito. A primeira é que os portugueses "querem mais e melhor em proximidade, em convergência? e na gestão da pandemia e que o país rejeita a "radicalização e extremismo?.
"Querem que a democracia constitucional responda aos dramas e angústias dos portugueses, mas uma democracia que respeite a Constituição, uma democracia democrática, não uma democracia iliberal, ou seja, não democrática?.
Rebelo de Sousa é especialista em Direito constitucional e conhece muito bem as atribuições do presidente da República, pois participou da redação da Constituição quando era deputado. Entre elas estão dissolver o Parlamento, convocar eleições e vetar leis. Portugal adota o regime parlamentarista.
Com informações da RTP, O Globo e Deutsche Welle Brasil
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