Instituto Pensar - O samba como cultura popular resiste ao isolamento social

O samba como cultura popular resiste ao isolamento social




Mulheres, como o Grupo Samba que Elas Querem, têm papel importante na popularização do samba ? Foto: Elisângela Leite
A pandemia paralisou as rodas de samba e assustou quem vive do ritmo musical. Como o show não pode parar, por um bom tempo as quadras das escolas de samba e casa de espetáculos deram lugar às lives, mas recentemente elas tiveram liberação para retornar respeitando o distanciamento. Dessa forma, o samba se esquivou, sacudiu, levantou a poeira e deu a volta por cima. 

Em reportagem o Maré de Notícias destaca que o samba carioca e suas expressões são reconhecidos como patrimônios culturais imateriais do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional (Iphan). Ele nasce de uma mistura de batuques de escravizados com ritmos indígenas.

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Mas o novo gênero musical não era bem visto pelas elites escravistas do século XIX. Na virada para o século XX, o ritmo vem de Salvador para o Rio de Janeiro e vira marca cultural, principalmente, na região central do Rio, onde, até hoje, recebe uma série de rodas de samba que atrai locais e turistas. 

O samba se refaz na batucada

A cultura foi um dos primeiros setores a parar em meio à pandemia do coronavírus. Todas as atividades que dependem da aglomeração e da venda de ingressos foram interrompidas, e não houve um plano para suprir a renda dos profissionais do setor. 

Alexandre de Mello Gonçalves, o músico Dão, integrante do Grupo Nova Raiz, conta que os sambistas tiveram problemas e alguns ainda estão numa fase difícil nas finanças. Toda uma estrutura, de gente que trabalha antes e na hora do evento, foi prejudicado.

"Não temos apoio, a galera está sobrevivendo. Ocorreram rodas de samba clandestinas e outros jeitos para superar o perrengue da fase mais difícil da pandemia?, diz.

Apesar dos prejuízos, o músico vê o lado bom das férias forçadas. Ele destaca que o samba nunca foi tão tocado em casa por meio de lives, ouvindo os DVDs, consumindo por meio de aplicativos de música ou Youtube. "Teve gente que achou discos antigos ao arrumar suas casas. Não podia ouvir ao vivo na rua, então a casa era a solução?, fala.

Dão também lembra que profissionais tiraram o tempo para estudar e  aprimorar suas técnicas, para compor, fazer arranjos e produzir vídeos. Por outro lado, alguns músicos não tiveram cabeça e inspiração, pois foram muitos os problemas enfrentados. "É um momento único e cada um tem a sua história?, conclui. 

O setor cultural envolvia mais de 5 milhões de pessoas trabalhando em 2018, representando 5,7% do total de ocupados no país ? 44% desses profissionais são autônomos, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad).

"Com certeza os profissionais envolvidos com eventos foram os mais prejudicados, porque nós fomos o último segmento a voltar a trabalhar. Nesse período de quase oito meses sem shows, os grupos e artistas de menor expressão tiveram que se reinventar e contar com a ajuda dos familiares, amigos, fãs e empresas para conseguir sobreviver com dignidade e pagar as contas?, expõe Rogerinho Ratatuia, cantor e ex-morador do Rubens Vaz.

Nesse período de pandemia, as lives surgiram como uma ótima alternativa. Por meio delas, muitos artistas e grupos conseguiram se manter visíveis no mercado, além de receberem doações financeiras e alimentos. "Infelizmente, o poder público e os governantes demoraram muito a nos enxergar. A nossa aposta agora é na Lei Aldir Blanc, que foi aprovada e irá beneficiar não só o samba, mas muitos fazedores de cultura de um modo geral?, comenta.

Com informações da Maré Notícias



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