Parlamentares veem razão para impeachment no uso da Abin por Bolsonaro
por: Nathalia Bignon
A revelação de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) produziu pelo menos dois relatórios de orientação para ajudar o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e seus advogados a embasarem um pedido de anulação do caso Queiroz caiu como uma bomba no Congresso Nacional nesta sexta-feira (11). A informação foi divulgada após confirmação da veracidade dos documentos pela coluna do jornalista Guilherme Amado, na Revista Época.
Neles, a Abin busca demonstrar a nulidade processual resultante de acessos imotivados aos dados fiscais sigilosos da Receita. Flávio Bolsonaro é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) pela prática de "rachadinha? na época em que era deputado estadual, filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na capital fluminense.
Em novembro, o MP-RJ apresentou denúncia contra Flávio por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O senador foi apontado como líder da organização criminosa e o ex-assessor, Fabrício Queiroz, como operador do esquema de corrupção.
Papel da Abin
Líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (RJ) demonstrou indignação com o uso da máquina pública para impedir que o senador pague pelos crimes cometidos. "Mais uma vez, Bolsonaro usa a Abin para tentar evitar que Flávio, acusado pelo MP de liderar um esquema criminoso na Alerj [Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro], vá para a cadeia. O papel da Abin é servir ao país, não aos interesses pessoais da família do presidente!?, exigiu.
Caso Abin faz Freixo acionar PGR
Marcelo Freixo (PSOL-RJ) anunciou que buscou a Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o que chamou de "uso criminoso? da Abin. "O Brasil não é o quintal da família Bolsonaro e a Presidência da República não é parquinho de corrupto. Não permitiremos que as instituições do Estado brasileiro sejam usadas para proteger os criminosos da família do presidente?, afirmou.
O deputado carioca também solicitou a convocação do diretor da Abin, Alexandre Ramagem, amigo da família que Bolsonaro que chegou a ser indicado para assumir o comando da Polícia Federal, e do ministro-chefe do Gabinete da Segurança da Presidência (GSI), Augusto Heleno.
?Mais uma prova?
Já o líder da Minoria no Congresso, deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) viu mais uma prova do crime de uso da máquina pública para proteger familiares cometido pelo presidente. "Há meses estamos denunciando as manobras do governo para proteger o clã Bolsonaro. Tá aí mais uma prova!?, apontou, compartilhando a notícia.
General Heleno convocado
Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da Oposição no Senado, disse que acionará ainda nesta sexta para que a Comissão Mista de Inteligência do Congresso Nacional instaure uma investigação sobre o "uso indevido da Abin em favor de ações criminosas por parte de parentes do presidente da República?. Ele também declarou que convocará o chefe do GSI para prestar esclarecimentos.
Impeachment
Paulo Pimenta (PT-RS) afirmou que os documentos divulgados hoje são motivos suficientes para promover o afastamento de Bolsonaro. "Os documentos que revelam que a Abin trabalhou para ilegalmente produção de ?provas? para defesa de Flávio Bolsonaro no caso Queiroz, que envolve diretamente Jair Bolsonaro e Micheque são suficientes para um impeachment e para prisão imediata dos envolvidos sejam eles quem forem?, comentou o deputado.
Na mesma linha, o perfil oficial do PCdoB indicou mais uma razão para o impeachment. "ABSURDO!!! Bolsonaro usa a máquina do governo federal para proteger a família? dele! Tudo pago com o dinheiro do povo, orientando a defesa de um investigado por corrupção. O milésimo caso para impeachment?.
?Gravíssimo?
Vice-líder do Cidadania no Senado, Alessandro Vieira (SE) disse que a suposta atuação da Abin na defesa de interesses particulares de Flávio Bolsonaro, filho do presidente, é "gravíssima?. O senador disse que exigirá apuração urgente e rigorosa. "Caso o PGR não se mostre a altura da responsabilidade que seu cargo exige, caberá ao Congresso tomar as providências cabíveis?, destacou.
O presidente do partido e ex-ministro da Cultura do governo Temer, Roberto Freire, não poupou na crítica. "Um governo a serviço do clã Bolsonaro inclusive e principalmente nos negócios escusos e ilícitos pela Policia e MP denunciados?.
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