Posse de Luiz Arce marca volta do MAS ao poder na Bolívia
por: Nathalia Bignon
O novo presidente da Bolívia, Luis Arce, tomou posse neste domingo (8) em uma cerimônia marcada pela presença de líderes estrangeiros. A data será lembrada, ainda, pelo retorno do Movimento ao Socialismo (MAS), partido do ex-presidente Evo Morales ao poder, 12 meses após a crise política ter quebrado uma hegemonia de quase 14 anos de seu governo.
Arce, que venceu as eleições com facilidade no mês passado, assume o país para um mandato de cinco anos, com o desafio de unir uma sociedade profundamente polarizada e reviver uma economia desgastada pela pandemia de coronavírus.
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Em seu discurso de posse, o novo presidente adotou um tom conciliador e se absteve de mencionar seu mentor político, Morales, que renunciou à presidência boliviana há um ano, após pressão dos militares e de setores conservadores do país.
Discurso emocionado de Arce
"Iniciamos uma nova etapa em nossa história e queremos fazê-lo com um governo que seja para todos, sem discriminação de nenhuma natureza. Nosso governo buscará reconstruir nossa pátria em unidade para viver em paz?, afirmou Arce.
"Governaremos com responsabilidade e inclusão, enfrentando as mudanças para que a Bolívia volte ao caminho da estabilidade no mais curto espaço de tempo. Venceremos a pandemia, venceremos a crise, porque somos um povo lutador?, acrescentou, em 30 minutos de discurso.
O presidente chegou a se emocionar em alguns momentos de sua fala, quando sua voz falhou. A televisão mostrou lágrimas escorrendo pelo rosto de Arce enquanto ele cantava o hino nacional, após receber o comando da nação.
Críticas à Jeanine Áñez
Apesar do discurso conciliador, ele se permitiu criticar brevemente a ex-presidente interina, a direitista Jeanine Áñez, a quem culpou por ter promovido perseguições políticas e causado a crise econômica com uma má gestão da pandemia.
"Vamos recuperar os níveis de crescimento que o governo interino destruiu e faremos isso reduzindo a pobreza e as desigualdades econômicas e sociais?, declarou, após afirmar que vai restaurar o modelo econômico implantado durante os 14 anos de governo de Morales (2006-2019).
Antes de Arce tomar posse, David Choquehuanca foi empossado como vice-presidente, cargo que também inclui a presidência do Parlamento, onde o MAS tem a maioria, embora não mais a de dois terços. Em seguida, Arce prestou juramento com a mão direita sobre o coração, enquanto Choquehuanca jurou com o punho esquerdo levantado, um sinal que identifica o partido dos dois e de Morales.
Brasil sem representantes na Bolívia
A cerimônia neste domingo contou com a presença do rei Felipe 6º da Espanha e dos presidentes de Argentina, Alberto Fernández; Colômbia, Iván Duque; e Paraguai, Mário Abdo Benítez, além de representantes de outros países das Américas, Europa e Ásia. O Brasil não enviou representante.
Nos arredores da Praça Murillo, onde estão localizados o Palácio do Governo e a sede do Legislativo boliviano, milhares de apoiadores do MAS que chegaram a La Paz provenientes de diferentes províncias e regiões nos últimos dias esperavam para testemunhar a posse de Arce e para desfilar após a cerimônia oficial.
Ex-ministro da Economia do governo Morales, Arce venceu as eleições gerais da Bolívia em 18 de outubro com 55,1% dos votos, e tem mandato previsto até 2025, ano do bicentenário da independência do domínio espanhol.
Pressionado, o ex-mandatário renunciou ao cargo em 10 de novembro de 2019, acusado de fraude eleitoral no pleito presidencial de outubro de 2019. Logo em seguida, ele deixou a Bolívia, ficando algumas semanas no México e depois se instalando na Argentina. Morales confirmou que voltará a seu país na próxima segunda-feira, 9 de novembro, um ano após sua renúncia.
Com informações da Deutsche Welle Brasil
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