Fome volta a assolar o Brasil, aponta IBGE
por: Nathalia Bignon
Após seguidos recuos por mais de uma década, a fome voltou a crescer no Brasil. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados na quinta-feira (17), indicam que o percentual de domicílios em situação de segurança alimentar caiu para 63,3% em pesquisa realizada entre 2017 e 2018, contra 77,4% em 2013 e 65,1% em 2004.
Os números também apontam que quase quatro em cada 10 domicílios sofrem com algum grau de insegurança alimentar, sendo que 4,6% do total vive sob escassez grave. A situação atinge 10,3 milhões de pessoas: 7,7 milhões na área urbana e 2,6 milhões na rural. Em relação aos dados de 2013, o número de pessoas nesse estado aumentou em cerca de 3 milhões, um crescimento de 43,7%.
Quadro pode ser ainda pior
A "Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018: Análise da Segurança Alimentar no Brasil? contempla apenas moradores de domicílios permanentes, excluindo pessoas em situação de rua ? o que sugere que o quadro pode ser ainda pior.
Segundo o IBGE, na população de 207,1 milhões de habitantes em 2017-2018, 122,2 milhões eram moradores em domicílios com segurança alimentar, enquanto 84,9 milhões viviam com algum grau de insegurança alimentar. Destes últimos, 56 milhões estavam em domicílios com insegurança alimentar leve, 18,6 milhões, insegurança alimentar moderada, e 10,3 milhões de pessoas em domicílios com insegurança alimentar grave.
De acordo com a Escala Brasileira de Medida Direta e Domiciliar da Insegurança Alimentar, a segurança alimentar está garantida quando a família tem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais.
Na insegurança alimentar grave, há redução quantitativa severa de alimentos também entre as crianças, ou seja, ruptura nos padrões de alimentação decorrentes da falta de alimentos entre todos os moradores. Nessa situação, a fome passa a ser uma experiência vivida no domicílio.
Consequência da economia
Segundo o gerente da pesquisa, André Martins, o aumento da insegurança alimentar está relacionado, entre outros motivos, à desaceleração da atividade econômica nos anos de 2017 e 2018.
Nordeste mais afetado
Menos da metade dos domicílios do Norte (43%) e Nordeste (49,7%) tinham segurança alimentar. Isto é, acesso pleno e regular aos alimentos. Os percentuais eram melhores no Centro-Oeste (64,8%), Sudeste (68,8%) e Sul (79,3%). A prevalência de insegurança alimentar grave do Norte (10,2%) era cerca de cinco vezes maior que a do Sul (2,2%).
A pesquisa ainda mostrou que quase metade das pessoas que enfrentam a fome vive na Região Nordeste do país, e pouco mais da metade dos domicílios onde prevalece a insegurança alimentar grave são chefiados por mulheres.
Com informações da Deutsche Welle Brasil
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