Instituto Pensar - Planalto prepara ofensiva para evitar aumento do auxílio emergencial

Planalto prepara ofensiva para evitar aumento do auxílio emergencial

por: Nathalia Bignon 


(Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil)

Para evitar que o Poder Legislativo aumente o valor do auxílio emergencial de R$ 300 definido por Jair Bolsonaro (sem partido), o Palácio do Planalto vai começar um monitoramento nas redes sociais de parlamentares governistas, em especial os do centrão, para identificar aqueles que defendem um valor maior.

Irritado com Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente iniciou ofensiva para evitar o risco de uma alteração na medida provisória que reduziu o valor do benefício. Em entrevista na última quinta-feira (10), o presidente da Câmara disse que 82% das suas redes sociais são favoráveis à manutenção dos R$ 600, afirmação que teve o apoio de deputados da base aliada.

A ideia é que, a partir do mapeamento, os líderes do governo procurem pessoalmente os deputados indecisos para reafirmar a necessidade de manter o valor reduzido. O presidente quer, assim, evitar que se repita o cenário da primeira votação do benefício social.

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Em março, no início da pandemia da Covid-19, Bolsonaro havia proposto ao Congresso um valor de R$ 200, mas a Câmara ameaçou mais do que dobrar a iniciativa, passando para R$ 500. Pressionado, o presidente decidiu elevar o valor para R$ 600 para não sofrer uma derrota política.

O benefício de R$ 600 foi fundamental para levar Bolsonaro ao seu auge de popularidade desde o início do governo.

Durante vários dias, ele discutiu com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para chegar a um valor que não o prejudicasse politicamente. Nas redes sociais, ele já vinha sendo cobrado a não reduzir o valor da ajuda.

Na quinta, Bolsonaro também enviou um recado indireto a Maia. Em sua live semanal, ele disse que não gostaria de reduzir o valor do benefício, mas ressaltou que se ele fosse mantido em R$ 600, aumentaria o endividamento do país.

"Não é porque eu quero pagar menos, não. É porque o Brasil não tem como se endividar mais. Então, não vai ter uma nova prorrogação [do auxílio emergencial], porque o endividamento cresce muito. O Brasil perde confiança, os juros podem crescer e pode voltar inflação?, ressaltou.

Para municiar a base aliada a defender o valor de R$ 300, o Planalto também prepara material impresso e audiovisual sobre os impactos que um auxilio emergencial de R$ 600 teria nas contas públicas.

Bolsonaro elencou o pagamento do auxílio de R$ 600 como um dos fatores que pressionou a alta no preço do arroz. O produto já acumula alta de 19% neste ano e a tendência é de que ele aumente ainda mais.

Segundo a Associação Paulista de Supermercados (Apas), o produto deve ter novos aumentos nos próximos dois meses se o consumo se mantiver no ritmo atual. O preço médio em supermercados paulistas é de R$ 20, podendo aumentar para cerca de R$ 30.



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