Instituto Pensar - Universal foi usada para lavar dinheiro da corrupção na Prefeitura do Rio, diz MP

Universal foi usada para lavar dinheiro da corrupção na Prefeitura do Rio, diz MP

por: José Jance Marques 


O Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro (MP-RJ) diz ter encontrado indícios de "bilionárias movimentações atípicas? da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) e afirmou ser "verossímil concluir? que a entidade religiosa está sendo "utilizada como instrumento para lavagem de dinheiro fruto da endêmica corrupção instalada na alta cúpula da administração municipal? do Rio. O prefeito Marcelo Crivella é bispo licenciado da Iurd.

A investigação do MP começou em março deste ano e investiga um suposto ?QG da Propina? na Prefeitura do Rio.

A análise que cita a Universal está presente em documento de 262 páginas, assinado com data de 2 de setembro deste ano, enviado à Justiça pelo Subprocurador-Geral de Justiça de Assuntos Criminais e de Direitos Humanos do MPE-RJ, Ricardo Ribeiro Martins.

Nessa petição, o sub-procurador geral cita a existência de um Relatório de Inteligência Financeira (RIF) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, apontando que a entidade religiosa "foi objeto de comunicação em razão da identificação de movimentações financeiras de R$ 5.902.134.822,00?, entre o dia 5 de maio de 2018 e 30 de abril de 2019.

O RIF reúne informações de vários CNPJ?s da IURJ. E inclui movimentações de entrada e saída de dinheiro vivo, assim como transferências bancárias. O registro de movimentação atípica em um RIF do COAF não significa a necessária ocorrência de um crime.

Esquema de corrupção

Segundo narra o MPE-RJ, a ocorrência que justificou a comunicação ao COAF tem relação com o artigo 1º, inciso I, item "b? da Carta Circular de número 3.542 do Banco Central do Brasil. Tal trecho da norma trata de "movimentações em espécie realizadas por clientes cujas atividades possuam como característica a utilização de outros instrumentos de transferência de recursos, tais como cheques, cartões de débito ou crédito?.

Nos documentos, não há detalhes de como funcionaria essa suposta lavagem de dinheiro. O sub-procurador geral, no entanto, faz tal alegação após analisar várias provas colhidas, entre elas: "as bilionárias movimentações atípicas? da IURD, a "notória vinculação? de Crivella com a igreja e o "envolvimento de Mauro Macedo na trama criminosa?.

Mauro, primo de Edir Macedo, o fundador da IURD, coordenou campanhas políticas do atual prefeito do Rio e é citado em delações da Lava Jato como recebedor de Caixa 2. Segundo o Ministerio Público, Mauro aliciava empresários para participar dos mais variados tipos de corrupção.

Outro elemento usado na análise do MPE-RJ são as mensagens do aparelho de celular apreendido, em março, com Rafael Alves, durante a primeira fase da operação. Apesar de não ter cargo público no Município, Rafael Alves teria enorme influência no governo ? e pistas seguidas pelo MPE-RJ mostram que ele cobraria e arrecadaria propina de fornecedores, possivelmente com aval e em aliança com Crivella.

Operação Hades

As investigações do MP estão no contexto da Operação Hades, que teve buscas do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e da Polícia Civil do RJ na manhã desta quinta-feira (10) na Prefeitura do Rio, na casa do prefeito e no Palácio da Cidade, onde ele despacha. Agentes apreenderam um telefone celular de Crivella.

Com informações do G1



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