Instituto Pensar - Em visita surpresa, Bolsonaro ouve indiretas em despedida de Toffoli

Em visita surpresa, Bolsonaro ouve indiretas em despedida de Toffoli

por: Igor Tarcízio 


O presidente da República, Jair Bolsonaro, e o presidente do STF, Dias Toffoli (Imagem: Reprodução/Fotos Públicas)

Na última quarta-feira (9), o presidente Jair Bolsonaro apareceu de surpresa na sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) que marcava a despedida de Dias Toffoli do comando da Corte. E, apesar da deferência do anfitrião, que o convidou para sentar-se a seu lado, o visitante acabou ouvindo críticas indiretas de outros integrantes do tribunal.

Quando Bolsonaro chegou, o ministro Alexandre de Moraes homenageava Toffoli e enfatizou como feito relevante a instalação do inquérito das fake news, que teve entre os alvos aliados e simpatizantes de Bolsonaro.

"Vossa Excelência (Toffoli) teve coragem de defender o tribunal, de defender o Judiciário. Não só os membros do tribunal, mas a autonomia, tomando medidas que foram criticadas e depois elogiadas, como quase todas as grandes medidas e inovações. Soube fazer o correto, mesmo que criticado fosse. Não faltou coragem de manter histórica tradição na defesa dos direitos e garantias fundamentais, apesar das dificuldades econômicas e da pandemia?, disse Moraes, destacando também as ameaças ao STF.

Ameaças contra a Corte

O ministro, relator do inquérito das fake news, ressaltou que a investigação descobriu uma série de ameaças.

"Sabemos o quanto esse Supremo foi ameaçado, o quanto os ministros e os familiares foram ameaçados. Tínhamos instrumento, dentro da Constituição, que permitiram uma reação rápida, e só foi possível graças à coragem de Vossa Excelência (Toffoli). Não existe Poder Judiciário independente, autônomo, se seus juízes não tiverem garantia física e moral. E Vossa Excelência garantiu isso a todo o Judiciário?, complementou.

Em seguida na despedida, Gilmar Mendes afirmou que o legado de Toffoli era o fortalecimento da democracia. Edson Fachin disse que Toffoli era "um democrata que respeita a autoridade, mas rejeita o arbítrio?.

Somente depois dos três discursos, Toffoli convidou Bolsonaro a se sentar á direita dele, no plenário, justificando a deferência pelo fato de compor a mesa quando vai aos outros Poderes.

"O gesto de Vossa Excelência devir aqui neste momento é um gesto em homenagem ao STF e à democracia?, concluiu.

Rompimento de protocolo

Depois dos discursos, foi dada a palavra a Bolsonaro, em um rompimento de protocolo.

"Em muitos momentos, quando o chefe do Executivo procurou o STF, por muitas vezes em decisões monocráticas, Vossa Excelência (Toffoli) muito bem nos atendeu. Em outros momentos, até nos surpreendeu com a capacidade de antecipar problemas e apresentar a solução antes mesmo que fosse procurado?, disse o presidente, que destacou ainda o fato de ter chegado ao cargo que ocupa pelo voto, enquanto os ministros do STF foram indicados por presidentes da República", discursou na despedida.

Com informações do O Globo



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