Lives e livros inéditos celebram os 90 anos do nascimento de Ferreira Gullar
por: Mônica Oliveira
Nesta quinta-feira (10) o poeta maranhense e crítico das artes plásticas Ferreira Gullar, que morreu em decorrência de uma pneumonia em 2016, faria 90 anos. Seu nascimento, vida e obra serão celebrados com a realização de lives e a publicação de livros inéditos do escritor, encontrados em arquivos de áudio ou transcritos.
De acordo com o Estadão, veículo em que o poeta trabalhou, uma das lives pensadas para festejar o aniversário será comandada pelo cineasta Silvio Tendler nesta quinta-feira (10), às 19h, com transmissão através da página da produtora Caliban Cinema no Facebook. O momento vai contar as presenças das netas do poeta, Luciana Aragão e Juliana Aragão, além de Miguel Conde e o diretor Zelito Viana.
Já no blog da Companhia das Letras, o também poeta Antonio Cícero vai discutir a importância do "Poema Sujo?, seguido do sorteio de livros de Gullar.
O "Poema Sujo?, gravado em fita cassete por Gullar a pedido de Vinicius de Moraes, quando o poeta viveu exilado em Buenos Aires, entre maio e outubro de 1975, também será rememorado nos seus 90 anos de nascimento.
Trazida clandestinamente para o Rio, a fita cassete foi ouvida em audições entre amigos e, logo, trechos foram transcritos e distribuídos pela cidade, tornando-se um clássico instantâneo. Tal história figura no livro Rabo de Foguete, memórias sobre o período exilado, que Gullar publicou em 1998, e deverá constar também na biografia que o jornalista Miguel Conde prepara sobre o escritor.
Inéditos
Na programação da data ainda consta a apresentação da obra inédita "O Sentido da Vida?, escrito por ele entre os anos de 1960 e 70. O livro foi encontrado pela filha do escritor, Luciana Aragão Ferreira, em arquivos datilografados por Gullar e deixados em seu apartamento no Rio de Janeiro.
Entre as muitas publicações, mais adiantado está o livro As Muitas Maneiras de Dizer ?Eu Te Amo?, com 31 ilustrações feitas por Gullar, entre elas, um retrato de Claudia Ahimsa, poeta que foi sua segunda mulher e que organizou o volume. O livro pode ser encomendado pelo site www.urucum.com.
As celebrações alusivas à vida e obra Ferreira Gullar, cujos versos ressoam até mesmo na música brasileira, ajudam a elucidar a forma criativa do poeta, para quem o poema nascia não de inspiração, mas de algo fora de controle. "A poesia nasce do espanto, quando a vida me revela algo que eu desconhecia?, dizia ele.
"Sou copidesque?
Em 1962, quando já era reconhecido como um poeta e crítico de artes plásticas de importância, Ferreira Gullar foi admitido como redator da sucursal do Rio de Janeiro do Estadão. "Sou copidesque, isto é, reescrevo o que os outros escrevem?, explicou ele a Clarice Lispector, quando o entrevistou em 1977.
Ele manteve o vínculo com o jornal durante o período em que foi obrigado a viver fora e, na redação, entre uma matéria e outra, Gullar praticava sua poesia em folha de papel, datilografada em máquinas de escrever, como muitos jornalistas da época o faziam.
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