Instituto Pensar - Cinemateca: diretor do Festival de Cannes declara apoio à entidade e critica governo

Cinemateca: diretor do Festival de Cannes declara apoio à entidade e critica governo

por: Mônica Oliveira


A Cinemateca Brasileira abriga informações de 42 mil títulos produzidos desde 1897 até a atualidade

O diretor do aclamado Festival de Cannes, Thierry Frémaux, expressou solidariedade à situação de abandono em que se encontra a Cinemateca Brasileira. A fala do francês ocorreu no domingo (6) durante uma coletiva no Festival de Cinema de Veneza.

De acordo com a Folha, ele lamentou que a entidade responsável pela preservação e memória do audiovisual brasileiro esteja passando por dificuldades. "Quero expressar meu apoio à Cinemateca Brasileira, ameaçada pelo atual governo?, disse ele em entrevista coletiva no evento que reuniu diretores dos sete maiores festivais de cinema da Europa.

Desde o final de junho, a Cinemateca tem sido palco de animosidades alimentadas pelo governo de Jair Bolsonaro em relação à Associação Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), que geriu o local até o final de 2019 e permaneceu sem contrato nos primeiros seis meses de 2020.

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No início de agosto, após meses de incertezas na gestão, disputas institucionais, suspensão de pagamentos e demissão de todos os funcionários, a entidade voltou a ser controlada pela União.

Também no mês passado, o Ministério do Turismo anunciou o valor de R$ 3,9 milhões para contratos emergenciais, voltados para a manutenção do espaço.  

O acervo da instituição abriga informações de 42 mil títulos, produzidos desde 1897 até a atualidade. São longas-metragens, médias, curtas, cinejornais, filmes publicitários, institucionais ou domésticos e séries armazenados em 250 mil rolos de filmes. Há ainda 1 milhão de documentos, cartazes, fotografias.

Além de obras de grandes nomes do cinema brasileiro como Glauber Rocha (1939 ? 1981), está sob a salvaguarda da Cinemateca a produção do Cinema Novo, alçado por pioneiros como Mário Peixoto e Humberto Mauro.

Cinemateca é debatida no CineOP

Na segunda-feira (7), último dia da 15ª edição da Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP), o painel "Instituições de patrimônio em risco: Caso Cinemateca Brasileira? debateu o desmonte da entidade .

No evento, Carlos Augusto Calil, ex-diretor da instituição, denunciou o descaso governamental com a cultura do país. "As instituições culturais são muito frágeis no Brasil. O que ocorreu com o Museu Nacional (destruído após incêndio em setembro de 2018, no Rio de Janeiro) é o maior exemplo disso. O poder público não cuida do patrimônio, e a Cinemateca é a bola da vez?, afirmou Calil que geriu a instituição de 1987 e 1992.

Foi durante a gestão de Calil que teve início a transferência da Cinemateca para sua atual sede, na Vila Clementino, no local que abrigava o Matadouro Municipal de São Paulo.

Com informações da Folha e do Portal Uai



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