Instituto Pensar - Perda de aprendizagem durante a pandemia acentua desigualdade, afirma pesquisa

Perda de aprendizagem durante a pandemia acentua desigualdade, afirma pesquisa

por: Eduardo Pinheiro 


Alunos mais pobres sofrerão perdas de 50% a 87% do aprendizado de um ano normal, ampliando a desigualdade já existente com alunos mais ricos

Os prejuízos causados ao ensino pela suspensão de aulas presenciais durante a pandemia do coronavírus irá impactar mais alunos pobres do que ricos, ampliando a desigualdade, afirma pesquisa. O estudo foi realizado por um grupo ligado à Rede de Pesquisa Solidária, que monitora políticas de enfrentamento da pandemia.

De acordo com simulações feitas com base nos resultados das provas do Sistema de Avaliação de Educação Básica (Saeb), alunos de famílias pobres sofrerão perdas de aprendizagem equivalentes às que teriam se ficassem o ano inteiro sem aulas, quase duas vezes a perda projetada para os mais ricos.

Seguindo uma metodologia desenvolvida pela consultoria Herkenhoff & Prates, especializada na avaliação de políticas públicas, estudo estima que alunos entre os 20% mais pobres da população sofrerão perdas de 50% a 87% do aprendizado de um ano normal.

Por outro lado, estudantes  entre os 20% mais ricos sofreriam perdas equivalentes a 50% na maioria dos cenários. Isso porque esse grupo têm melhores condições de reter o que aprenderam antes da pandemia e dispõem de mais recursos para continuar estudando em casa mesmo com as escolas fechadas, dizem os pesquisadores.

Para o sociólogo Ian Prates, coordenador do grupo responsável pelas simulações, a pandemia tornou os alunos mais dependentes do acompanhamento das famílias em casa. Por esse motivo, as diferenças de capital cultural e renda aumentaram as diferenças entre alunos pobres e ricos.

Acesso à internet

Parte do problema também está na  dificuldade que os estudantes mais pobres têm para acessar a internet. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 8 milhões de estudantes de 6 a 17 anos de idade não tiveram acesso a atividades de ensino remoto em julho.

A pesquisa do IBGE também escancara desigualdade. Nas famílias mais pobres, 30% dos estudantes não tiveram acesso a ensino remoto. Em seis estados ? Amapá, Bahia, Pará, Piauí, Sergipe e Tocantins- mais de 50% dos alunos estavam sem qualquer atividade escolar em julho.

"As desvantagens que os estudantes mais pobres já tinham antes da pandemia se acentuaram com o atraso deste ano e o impacto da crise econômica sobre suas famílias?, diz Prates. "É provável que tenham mais dificuldades para recuperar o tempo perdido e desenvolver suas capacidades no futuro.?

Na avaliação do grupo, houve descaso do Ministério da Educação. Se o governo tivesse tivesse cooperado com prefeituras e governos estaduais e ampliado o acesso dos estudantes pobres à internet, as diferenças não seriam tão profundas.

Com informações da Folha de S. Paulo



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