Governo lança substituto do 'Minha Casa Minha Vida' e adia nova versão do 'Bolsa Família'
por: Nathalia Bignon
O governo decidiu adiar o lançamento do Pró-Brasil, um megapacote de medidas sociais e econômicas, cuja oficialização aconteceria nesta terça-feira (25). O adiamento ocorreu ontem, após decisão do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes.
De acordo com informações do Correio Braziliense divulgadas hoje, a principal razão para a postergação é o fato de que o conjunto de medidas, que inclui o programa Renda Brasil, ainda não está concluído. A única iniciativa que será anunciada nesta terça é o programa Casa Verde e Amarela, uma versão envernizada do Minha Casa Minha Vida, herdado do governo do PT, voltado à ampliação do acesso à moradia.
As indefinições sobre o megapacote envolvem o valor do benefício do Renda Brasil, a nova versão do Bolsa Família. A quantia mensal aventada por Guedes ficaria em R$ 247, mas o presidente exigiu mais estudos para viabilizar um eventual aumento do valor do benefício. Além dessa questão, outro fator que causou incômodo no Planalto foi o anúncio de Guedes sobre as medidas, na semana passada, sem esperar que Bolsonaro "batesse o martelo.
Governo e o novo Bolsa Família
A ideia de Guedes é que o Renda Brasil atenda cerca de 21 milhões de famílias de baixa renda as 14 milhões que já recebem o Bolsa Família e mais 6 ou 7 milhões de "invisíveis que o governo encontrou com os cadastros do auxílio emergencial. Seria pago a essas famílias um benefício superior aos atuais R$ 190 do Bolsa Família, possivelmente entre R$ 200 e R$ 300.
O governo também discute a desoneração da folha de pagamentos das empresas para a faixa salarial de até um salário mínimo (hoje, em R$ 1.045). Essa medida faz parte do que Guedes chama de "rampa de acesso do Renda Brasil para o emprego formal.
Para sustentar uma despesa anual superior a R$ 50 bilhões (o Bolsa Família custa R$ 30 bilhões por ano), o governo estuda extinguir programas como o Abono Salarial, o Salário-Família e o Seguro Defeso (pago a pescadores durante o período em que a pesca é proibida).
O Programa Casa Verde e Amarela, que será lançado hoje, prevê a construção de novas habitações para pelo menos 1 milhão de famílias. Também haverá regularização de áreas, para que as famílias possam ter titularidade dos imóveis.
Guedes sem números ou valores
No fim de semana, Paulo Guedes participou de uma reunião com parlamentares da frente ampla pela renda básica. Segundo o Correio apurou, o ministro passou má impressão.
Guedes teria dito que o programa é mais amplo que o Bolsa Família, e detalhado os planos do governo com o Renda Brasil, o auxílio para empregabilidade de informais e a desoneração de folha de pagamento. Mas não tinha números e valores a apresentar. O encontro ocorreu no sábado, quatro dias antes da data prevista para o anúncio do pacote.
Os parlamentares ficaram com a impressão de que não havia consenso sobre os valores dentro do governo, e a equipe econômica estava se movendo por pressão de Bolsonaro. Pressão advinda do receio de o auxílio emergencial acabar e deixar desamparados milhões de beneficiários do auxílio emergencial. Seria um desgaste político que o governo, em fase de popularidade crescente, não estaria disposto a enfrentar.
"Big Bang Day
O megapacote Pró-Brasil foi pensado pelo governo como uma tentativa de recuperar a economia dos danos provocados pela pandemia, construir uma marca própria da atual gestão Bolsonaro e pavimentar o caminho para uma possível reeleição do presidente em 2022. O evento para o lançamento do programa, que seria realizado hoje, vem sendo chamado por Paulo Guedes de "Big Bang Day do governo.
Além do Renda Brasil, estão previstas medidas para geração de empregos, novos marcos legais e ações para corte de gastos. Todas as ações estarão sob o guarda-chuva do programa batizado pelo governo de "Pró-Brasil.
Com informações do Correio Braziliense
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