Instituto Pensar - Após bloqueio e ofensas, jornalista abre ação contra Sérgio Camargo

Após bloqueio e ofensas, jornalista abre ação contra Sérgio Camargo

por: Mônica Oliveira


Camargo já protagonizou vários ataques a jornalistas e integrantes do movimento negro como chamou de "escória maldita” e "vagabundos (Imagem: Renato Costa/FramePhoto/Folhapress)

Bloqueado no Twitter pelo presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), Sérgio Camargo, o co-fundador e editor-chefe do portal Alma Preta, Pedro Borges, ingressou com duas ações contra o gestor público. Em uma delas, para garantir o direito à informação, liberdade de expressão e de exercício da profissão, Borges pede o desbloqueio no Twitter.

Na outra, de danos morais, o jornalista solicita indenização por sofrer ataques e ofensas de Camargo. Entre outras agressões verbais, o presidente da Fundação Palmares chamou o jornalista de "defensor de bandido.

O comportamento de Camargo se alinha à uma postura recorrente no governo Bolsonaro: cercear e até proibir o trabalho de todos os veículos de comunicação, e jornalistas independentes, que considere adversários da gestão.

Com isso, profissionais de imprensa são, reiteradas vezes, impedidos de apurar informações sobre a atuação desses agentes públicos. Segundo o Alma Preta, o bloqueio impede o jornalista de divulgar, comentar ou contradizer afirmações e informações publicadas pela autoridade pública.

"O direito à liberdade de expressão e informação também foi violado em sua dimensão coletiva, gerando impactos em toda a sociedade, em especial na comunidade negra”, ressalta a ação.

Justiça tem sido favorável

A advogada de direitos humanos Sheila de Carvalho, que ingressou com o processo, lembra que a Justiça brasileira tem se posicionado favoravelmente contra os bloqueios das mídias sociais por pessoas que exercem funções públicas.

"Queremos fazer um debate público sobre isso. Ocupantes de cargos públicos não podem realizar esse tipo de prática, de cercear direito, violar a honra e imagem de jornalistas por estarem exercendo sua função. Essa tendência tem sido forte no bolsonarismo e não pode prosperar por ser ilícita. Vai contra os princípios constitucionais”, explica Sheila.

A advogada espera que o pedido de liminar de desbloqueio do Twitter seja aceito. De acordo ela, iniciativas como essa cumprem um papel pedagógico, "para que não haja mais bloqueios como esse e nem ofenda a imagem de pessoas que estão fazendo o seu trabalho”.

O presidente do órgão responsável por promover a preservação dos valores de influência negra tem levado à frente um projeto de desqualificar ativistas negros do campo da esquerda.

Camargo e o projeto contra ativistas negros de esquerda

O ataque ao jornalistas ocorre no momento em que a fundação completa 32 anos de existência (22 de agosto). Pelo Twitter, Camargo se referiu a Pedro Borges como "defensor de bandido, segregacionista e anti-branco”.

Sérgio Camargo já protagonizou vários ataques a jornalistas e integrantes do movimento negro, como no caso em que os chamou de "escória maldita” e "vagabundos”.

"Algumas das posições que foram colocadas como que ‘defendemos bandidos’ não são reais. Tem várias pessoas que são criminosas, saqueiam o país e não ficamos do lado delas. Esses ataques a jornalistas são feitos de forma bastante cruel e perversa. Não é um ataque ao trabalho. É um ataque pessoal. Essas máquinas de ataque são cada vez mais frequentes. Gera um receio”, ressalta o editor-chefe do Alma Preta.

A ação, segundo Borges, é importante por registrar o ataque a um jornalista negro. "De alguma maneira faz com quem ataca, recue. Demonstra que existe uma rede por trás que dá apoio, que mostra que não estamos sozinhos diante desses ataques”, enfatiza.

Com informações do Alma Preta



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