Bolsonaro almoça com Centrão, incluindo parte dos acusados no 'quadrilhão' do PP
por: Igor Tarcízio
Nessa quarta-feira (19), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reuniu ao menos 22 parlamentares e 7 ministros em um almoço, no Palácio do Planalto. Segundo a Folha de S. Paulo, a reunião foi uma tentativa de montar uma base mínima de apoio no Congresso.
O almoço teve a presença de cerca de 40 pessoas, entre elas dois dos filhos do presidente, o senador Flávio (Republicanos-RJ) e o deputado federal Eduardo (PSL-SP), e o ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), que na campanha presidencial chegou a associar o termo "ladrão ao centrão.
O presidente do PR o senador Ciro Nogueira (PI), postou em suas redes sociais foto ao lado de Bolsonaro e de outros deputados da legenda, entre eles Arthur Lira (AL). Os dois são alvo de denúncia do Ministério Público sob acusação de, ao lado de outros parlamentares, chefiar o chamado "quadrilhão do PP em um esquema de desvio de recursos públicos da Petrobras.
Como a Folha mostrou no mês passado, o caso oriundo da Lava Jato há mais de um ano aguarda o Supremo Tribunal Federal decidir se aceita a denúncia ou arquiva o caso.
Os políticos do PP negam cometimento de irregularidades e dizem ser vítimas de delatores interessados apenas em diminuir as penas pelos crimes que cometeram. Ciro Nogueira era aliado do PT e já chamou Bolsonaro de fascista e preconceituoso.
Confraternização com segundas intenções
Segundo participantes, o almoço transcorreu em um clima de confraternização, sem discursos políticos.
É a primeira vez que Bolsonaro reúne o centrão após sua reclusão em decorrência da infecção pela Covid-19.
Ao assumir o governo, em 2019, o presidente tentou implantar um novo modelo de relação com o Congresso, fortalecendo frentes parlamentares em detrimento da relação com os partidos. Não deu certo e, recentemente, Bolsonaro se aproximou do centrão, passando por cima do fato de ter demonizado o grupo durante a campanha.
A aproximação faz parte da movimentação em que o presidente baixou o tom de ataques a congressistas e ao Judiciário, reduzindo bastante o número de atritos criados com o mundo político.
A inflexão coincidiu com a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor de seu filho Flávio e pivô do escândalo da "rachadinha na Assembleia do Rio. Queiroz foi preso em junho na casa do advogado de Bolsonaro e de Flávio, Frederick Wassef. Está em prisão domiciliar graças a uma decisão do ministro Gilmar Mendes.
Convidados extras no almoço
Não só políticos participaram do encontro. O irmão do ator Bruno Gagliasso, Thiago, também estava no almoço.
Havia deputados e senadores de PSD, DEM, MDB, PTB, PL, PR PSL, PSDB, Podemos e Republicanos. O almoço serviu também para selar politicamente a passagem da liderança do governo na Câmara das mãos do deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO) para Ricardo Barros (PP-PR), ministro da Saúde da gestão de Michel Temer (MDB), nome escolhido pelo centrão.
Com informações da Folha de S. Paulo
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