Guru da extrema direita, Steve Bannon é preso por fraude nos EUA
por: Nathalia Bignon
Steve Bannon, o ex-estrategista-chefe de Donald Trump e guru de políticos de extrema direita, foi preso nesta quinta-feira (20), nos Estados Unidos. Ele é acusado de cometer fraude numa campanha de financiamento coletivo para a arrecadação de fundos para apoiar a construção do muro na fronteira do país com o México, segundo informou o Departamento de Justiça dos EUA. Os valores ultrapassam os US$ 25 milhões, o equivalente a cerca de R$ 141 milhões.
Além de Bannon, outros três acusados também foram detidos: Andrew Badolato, Brian Kolfage e Timothy Shea. De acordo com os investigadores, Bannon e seus comparsas fraudaram centenas de milhares de doadores por meio da campanha "We Build the Wall ("Nós vamos construir o muro, em tradução livre), iniciada em 2018.
Segundo os promotores, Bannon prometeu usar todo o valor arrecadado na obra, mas o dinheiro foi usado, entre outros, para financiar despesas pessoais e o luxuoso estilo de vida de Brian Kolfage, descrito como o rosto público e fundador da campanha.
Os promotores afirmam que o grupo falsificou notas e acordos com fornecedores fictícios para esconder o que realmente estava acontecendo. Os quatros também foram acusados de conspiração para lavar dinheiro.
"Eles não apenas mentiram aos financiadores, mas também os fraudaram escondendo o uso real dos fundos, muitos dos quais serviram para financiar seu estilo de vida, acrescenta a nota.
O americano é considerado um dos maiores ícones da extrema-direita e esteve à frente do portal Breitbart News, que ajudou a propagar a nova ultradireita dos Estados Unidos.
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Trump nomeou Bannon como seu estrategista-chefe logo após assumir a Presidência. Ele permaneceu no cargo durante apenas sete meses. No governo, ele defendia que Trump deveria manter o discurso populista que o levara ao poder e o encorajou, entre outras coisas, a emitir o polêmico veto migratório contra os refugiados e os imigrantes de determinados países muçulmanos, bem como a retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris sobre o clima.
Bannon e Bolsonaro
Em 2018, Bannon se aproximou da família Bolsonaro. Em agosto daquele ano, ele se reuniu com Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) em Nova York. Na ocasião, o deputado federal relatou que Bannon era um entusiasta de seu pai e que ambos manteriam contato "para somar forças, principalmente contra o marxismo cultural. Em outubro, o extremista de direita declarou apoio ao então candidato Jair Bolsonaro (sem partido).
"Tivemos uma ótima conversa e compartilhamos a mesma visão de mundo. Ele disse ser um entusiasta da campanha de Bolsonaro e certamente estamos em contato para unir forças, especialmente contra o marxismo cultural.
Em novembro do mesmo ano, foi a vez do assessor especial para assuntos internacionais do presidente, Filipe Garcia Martins, divulgar o encontro com o estrategista durante sua passagem pelo país.
"Uma das coisas mais divertidas que fiz nessa viagem foi ir ao jantar de aniversário do Steve Bannon, onde pude conversar com grandes nomes do movimento conservador americano. As conversas foram tão boas que tivemos um segundo jantar, ontem em Nova York. Lets start a movement!", escreveu o assessor de Bolsonaro.
Em fevereiro de 2019, Bannon chegou a nomear, informalmente, Eduardo Bolsonaro como o líder sul-americano do movimento da direita populista.
Com informações da Deutsche Welle e Istoé
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