Instituto Pensar - Evangélicos de esquerda criam bancada alternativa e progressista

Evangélicos de esquerda criam bancada alternativa e progressista

por: Eduardo Pinheiro


Críticos a Bolsonaro, líderes evangélicos formam bancada de contraponto ao conservadorismo da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso

A pastora Alexya Salvador (Foto: Wanezza Soares)

Reportagem da Folha de S. Paulo, publicada nesta quarta-feira (19), apresenta evangélicos de esquerda que se uniram para impulsionar candidaturas progressistas. Críticos às bandeiras conservadoras levantadas pela "Bancada Evangélica” do Congresso, líderes religiosos oferecem outra alternativa àqueles que partilham da mesma fé.

Lançada no início de julho por oito líderes, a Bancada Evangélica Popular defende políticas públicas contra a desigualdade social e pela paz, como Jesus Cristo. A religião, porém, deve ficar de fora dos mandatos, uma vez que seus integrantes defendem o Estado laico.

São bem-vindos no grupo os que se identificam com os princípios do manifesto do movimento, que é crítico de Bolsonaro. O pastor Ariovaldo Ramos, coordenador da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, define o atual governo como "neonazista ou pelo menos com inclinações neonazistas”.

Entre as adesões de pré-candidaturas da Frente, está a reverenda da Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM) Alexya Salvador, 39. Em janeiro, ela se tornou a primeira transexual na América Latina a ser ordenada clériga, um dos marcos na trajetória de Alexya.

Ao jornal, a reverenda afirma que foi a adoção das filhas Ana Maria, 13, e Dayse, 9, duas meninas trans, que a motivou a entrar para a política. Além das meninas, Alexya também é mãe de Gabriel, 15, filho que a tornou, em 2015, a primeira trans a adotar uma criança no Brasil.

"Quero que as minhas filhas cheguem aos 39 anos, porque a média de uma mulher trans no Brasil hoje é de 35 anos e vou fazer 40 neste ano”

Candidaturas

Neste ano, Alexya participou das prévias do PSOL para a Prefeitura de São Paulo como vice na chapa da deputada federal Sâmia Bomfim e é pré-candidata a vereadora, sem abrir mão de dizer que é evangélica e decidida a ampliar o discurso.

Foi da pastora da Igreja Presbiteriana da Luz Eliad Dias, 54, que a reverenda recebeu o convite para se somar à bancada. Militante social, feminista e atuante no movimento negro, Eliad diz que escolheu ser pastora para atender às pessoas que a igreja não acolhe, como prostitutas, transexuais e travestis.

Pré-candidata na chapa coletiva da bancada ao lado do ativista Samuel Oliveira, Eliad integra o grupo Evangélicas pela Igualdade de Gênero, que combate o machismo e sexismo dentro da igreja.

Assessor parlamentar do deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), que é pré-candidato a prefeito em São Paulo, Samuel vê a parceria com a pastora como uma forma de fortalecer a representatividade do mandato. Ele disputará a eleição pela terceira vez pelo PCdoB, encarando o desafio de estar "no meio da linha do tiro”.

Abuso de poder religioso

Nessa terça-feira (18), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou, por 6 votos a 1, a criação de punição para abuso de poder religioso. Antes da decisão, o pastor Ariovaldo disse que o grupo não tinha posição fechada, mas concordava com os princípios do debate.

"Não tem nada a ver com essa ênfase da bancada evangélica de representar a igreja, mas sim de marcar posição, para que todo o Brasil saiba que a igreja evangélica não é esse grupo hegemônico e que nós estamos nessa mesma batalha do povo brasileiro pela democracia e justiça social”, afirmou o coordenador da Frente.

Com informações da Folha de S. Paulo



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