Estimular a economia criativa deve ser um objetivo dos governantes
A economia criativa abrange negócios e pessoas envolvidas nas produções cultural, artística e de serviços correlatos. Inclui, também, organizações e empresas que fornecem locais para os artistas compartilharem seu trabalho com o público, como museus, galerias de arte e teatros.
Estão contidos nesse conceito o "design" de móveis, roupas e outros produtos e serviços que dependem de criatividade.
Um grande número de indústrias criativas está também relacionado direta ou indiretamente com o mercado imobiliário, como arquitetura, design de móveis e decoração.
O valor de mercado dos produtos e serviços cada vez mais é determinado por singularidade, desempenho e apelo estético. O talento comanda a economia criativa, porque traz vantagens competitivas para a indústria.
Entretanto, que importância pode ter esse segmento para a economia de uma região?
De acordo com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), a economia criativa emprega aproximadamente 30 milhões de pessoas no mundo, gerando quase US$ 2 trilhões em receitas, o equivalente a 3% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial.
Na Europa, esse setor movimenta, anualmente, 558 bilhões (4,4% do PIB europeu) e emprega oito milhões de trabalhadores, aproximadamente 4% de toda força de trabalho europeia.
Segundo relatório da "Otis College of Art and Design", publicado em 2016, no condado de Los Angeles, considerados todos os salários pagos, 8% estão relacionados somente à economia criativa, gerando emprego direto para mais de 420 mil pessoas, e indireto para 325 mil. Ao todo, esses trabalhadores receberam, no ano, US$ 53 bilhões, período em que a indústria criativa gerou US$ 7,7 bilhões em impostos e taxas.
A região metropolitana de Nova York não fica atrás, gerando 400 mil empregos diretos nesse setor, que absorvem 5,4% de toda massa salarial.
Estimular a economia criativa deve, portanto, ser um dos objetivos das cidades.
Para isso, e de acordo com recomendação do "European Creative Business Network", é necessário capacitar os empreendedores voltados à cultura e à criatividade nas áreas de produção e administração para atuarem como intermediários entre empresários, artistas, cientistas e cidadãos, e em sinergia com as instituições artísticas e culturais existentes.
A indústria cultural e criativa, por sua própria natureza, tem estado na vanguarda da inovação e das mudanças tecnológicas, e lideram a adaptação ao mundo digital.
A era digital muda o mercado e os modelos de negócio em todos os setores, e não é diferente com as áreas de cultura e criatividade.
Enquanto a indústria tecnológica investe no desenvolvimento de novas ferramentas digitais, o setor criativo precisa, de forma abrangente, aprender a utilizá-las.
Portanto, é necessário um programa de capacitação digital e de incentivo para os setores envolvidos na economia criativa.
Considerando as dificuldades para o desenvolvimento dessas atividades, algumas estratégias de estímulo podem ajudar, como, por exemplo, autorizar o uso de espaços vagos na cidade para eventos artísticos temporários ou estabelecer incentivos para produções oriundas de incubadoras de atividades criativas, para que empresários ofereçam espaço gratuito para produções e desenvolvimento de atividades culturais e criativas.
As cidades são essenciais para a economia criativa global e para o agrupamento de talentos e indústrias, que podem potencializá-la. Em um momento de eleições municipais no País, está mais do que na hora de os candidatos a prefeito incluírem em seus programas de governo propostas para alavancar a economia criativa nas cidades brasileiras.
Fonte: Claudio Bernardes para a Folha de São Paulo
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