Instituto Pensar - Pesquisadoras da USP criam projeto de podcasts para empoderar cientistas mulheres

Pesquisadoras da USP criam projeto de podcasts para empoderar cientistas mulheres

por: Nathalia Bignon


Uma iniciativa liderada por quatro professoras da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da Universidade de São Paulo (USP), lançou um projeto de podcasts para impulsionar a igualdade de gênero e protagonismo feminino na ciência. Criado em julho deste ano, o ‘Virgínias da Ciência’ tem como objetivo criar um lugar seguro onde mulheres cientistas possam compartilhar experiências e achados científicos.

"Nossa grande meta é que a sociedade conheça como o trabalho destas cientistas é realizado, e como a ciência é modificadora. Para além da carreira científica, queremos mostrar que a ciência é feita por cidadãs, mães, filhas, irmãs.. por mulheres extraordinariamente comuns e brilhantes! Mulheres que ocupam posições de poder e de protagonismo, que são o exemplo de que as cientistas mais jovens e meninas devem sustentar seus sonhos e objetivos para seguir a carreira científica”, conta a pesquisadora Alline Campos, uma das idealizadoras.

Além de Alline, os rostos por trás do ‘Virgínias da Ciência’ são os de Rita Tostes, Vânia Bonato e Katiuchia Sales. Docentes de medicina, elas contam que a iniciativa surgiu ao perceberem que tinham algo mais em comum: o desejo de contribuir para a valorização e o protagonismo feminino, especialmente no meio acadêmico.


"Como atuamos na mesma unidade, nos encontrávamos em comissões, disciplinas, na hora do almoço ou cafés da tarde. Nestes encontros, nossas conversas sempre terminavam com o planejamento sobre fazer um projeto em que o tema fosse igualdade de gênero”, recorda Alline.

Depois de muitos encontros, eventos sobre mulheres na ciência e bastante reflexão, uma conversa durante um café fez surgir um grupo inicial de WhatsApp. A partir dali, decidiram colocar as ideias em prática por meio de um canal de podcasts, contando sempre com o trabalho em equipe e a ajuda de pessoas próximas.

"A edição e masterização são feitas (voluntariamente) pelo Virgínio, esposo da Professora Katiuchia. Ainda temos a ajuda de quatro mulheres brilhantes no Instagram e no nosso site”, conta Alline.

Mulheres e a Virginia Woolf

A escolha do nome não foi em vão. Segundo Alline, a identificação do grupo com a escritora britânica Virginia Woolf, que falava abertamente sobre a necessidade de oferecer às mulheres a liberdade de pensamento que os homens sempre tiveram, foi decisiva.

"Sua obra é magnífica em todo seu conteúdo, mas nosso projeto tem em seu coração o ensaio ‘Um teto todo seu’. Nele, Virginia falava abertamente sobre o apartheid de gênero, sobre como era injusto que o homens tivessem a liberdade de viver e escolher, enquanto as mulheres estavam fadadas a observá-los em silêncio”, explica.

Fonte de inspiração do projeto, a decisão veio a calhar também com o intento de criar um lugar de liberdade e sororidade voltado para as mulheres cientistas.

"Sabemos que, ao abrir este espaço de fala para essas mulheres fantásticas, que são a base e a força da ciência brasileira, divulgamos conhecimento e mostramos que o dinheiro público investido nas universidades públicas e na ciência estão em excelentes mãos. Ao mesmo tempo, escutamos as trajetórias (muitas vezes difíceis) de nossas entrevistadas e, a partir daí, geramos um mecanismo de difusão e conscientização sobre a importância da igualdade de gênero e o empoderamento de outras mulheres”, reforça.

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Durante o mês de agosto, o assunto em destaque tem sido a pandemia do coronavírus, por isso, as convidadas dos próximos cinco programas da série Covid-19 são mulheres que voltaram suas pesquisas e se reinventaram para ajudar a população durante a pandemia.

Apesar da programação mensal estar fechada, interessadas em participar dos podcasts podem se inscrever no site do projeto ou no Instagram (@_virginias).

"Iremos entrevistar pesquisadoras em diferentes regiões do Brasil! Queremos fazer programas que estejam voltados para área de exatas, humanas, artes, cultura… Isto é muito importante para possamos nos aproximar mais da sociedade e mostrar a diversidade de pesquisa que é feita dentro das instituições. Nós adoramos receber as mensagens e sempre respondemos! Já recebemos várias sugestões de nomes de mulheres incríveis e vamos conversar com todas”, conta.

A fim de inspirar mais companheiras, Alinne ainda alerta: "Sempre terminamos nossos programas com uma frase da Virgínia Woolf: ‘não há portões, fechaduras ou cadeados que possam ser colocados em minha liberdade de pensamento’. Se essa frase mexe com algo dentro de você, seja bem-vindx. Você é umx Virginix da Ciência!”.

Com informações da For Women in Science



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