Instituto Pensar - Ignorando pandemia, Bolsonaro teve apenas 6 reuniões com Pazuello

Ignorando pandemia, Bolsonaro teve apenas 6 reuniões com Pazuello

por: Eduardo Pinheiro 


Há 90 dias no cargo, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, é um dos cinco ministros que menos têm frequentado o gabinete presidencial

(Brasília – DF, 06/08/2020) Ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello. Foto: Carolina Antunes/PR

Presidente do segundo país com mais mortes por Covid-19, Jair Bolsonaro se encontrou apenas seis vezes com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. O militar completou no fim de semana 90 dias no cargo, assumindo após a demissão de Nelson Teich, quando o Brasil completou 15 mil mortos pela doença. Nesta segunda-feira (17), o país superou mais de 108 mil mortos.

Leia também: Para líderes no Congresso, Bolsonaro e Ministério da Saúde são os piores gestores da pandemia

Segundo o Valor, dos 23 ministros, Pazuello só foi mais recebido que três de seus colegas (os da Agricultura, Banco Central e Direitos Humanos). Embora Bolsonaro negue que priorize a economia no lugar das vidas, o ministro da Economia, Paulo Guedes, realizou 49 reuniões com o presidente – oito vezes mais que Pauzello.

Os mais assíduos no gabinete presidencial são Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, Jorge de Oliveira, da Secretaria-Geral, Braga Netto, da Casa Civil, e Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Na semana passada, após o país registrar mais de 100 mil mortos, Bolsonaro não teve reuniões com o responsável por planejar, coordenar e executar as ações de saúde pública. O presidente viajou a São Paulo, Rio de Janeiro e Belém para inaugurar obras, onde causou aglomerações e desobedeceu o uso da máscara.

Distanciamento da Saúde

O distanciamento destoa até dos outros dois ministros da Saúde que antecederam Pazuello e com os quais Bolsonaro discordava sobre a atuação. Luiz Henrique Mandetta encontrou o presidente 13 vezes entre 20 de março, quando foi decretada a calamidade pública em razão da Covid-19, e 16 de abril, quando foi demitido.

Antecessor de Pazuello, Teich permaneceu menos de um mês no cargo, mas teve dez encontros com o presidente. Na época, auxiliares argumentavam que Bolsonaro teve problemas com ambos e, por isso, pouco os recebia. Mesmo no início da pandemia, Guedes esteve em 50% mais reuniões, já demonstrando a preferência pela economia.

Repercussão entre parlamentares

Ex-ministro da Saúde, o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) ironizou que "só falta alegar distanciamento social” para não se encontrar com Pazuello.

"O tempo que Bolsonaro gasta reunindo-se com quem ocupa o Ministério da Saúde, passeando de jet ski, indo comer churrasquinho, em cerimônias militares ou inauguração de obras feitas pelos outros mostra a prioridade com a qual trata a saúde.”, afirmou o parlamentar.

Já o deputado Luiz Antonio Teixeira Jr (PP-RJ), coordenador da comissão da Câmara sobre a Covid-19, justificou a ausência de reuniões com a confiança de Bolsonaro no ministro, o que não ocorria com Mandetta.

"Como não tem conhecimento técnico, Bolsonaro dá liberdade de trabalho para o ministro. Está deixando as coisas nas mãos de quem tem confiança. É um pouco de como ele fez com o Paulo Guedes, que tem autonomia”, disse.

Porém, Guedes esteve com Bolsonaro uma vez a cada dois dias, além de Pazuello não ter qualquer especialização na área da saúde.

Com informações do Valor



0 Comentário:


Nome: Em:
Mensagem: