FAO lança plataforma para reduzir perda e desperdício de alimentos
por: George Marques
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) divulgou uma plataforma abrangente para ajudar a comunidade global a intensificar as ações para reduzir a perda e o desperdício de alimentos.
A agência da ONU e seus parceiros pedem mais esforços e se preparam para o Dia Internacional da Conscientização sobre a Perda e o Desperdício de Alimentos que será comemorado pela primeira vez em 29 de setembro.
A Plataforma Técnica de Medição e Redução de Perda e do Desperdício de Alimentos reúne informações sobre medição, redução, políticas, alianças, ações e exemplos de modelos de sucesso aplicados na redução da perda e do desperdício de alimentos em todo o mundo.
"Desperdiçar alimentos significa desperdiçar recursos naturais escassos, aumentar os impactos das mudanças climáticas e perder a oportunidade de alimentar uma população crescente no futuro, disse o diretor-geral da FAO, QU Dongyu, no lançamento da plataforma.
O evento também proporcionou uma oportunidade de aumentar a conscientização sobre o próximo Dia Internacional de Conscientização sobre a Perda e o Desperdício de Alimentos, que visa enfatizar como isso pode contribuir para o desenvolvimento sustentável.
Porque reduzir a perda e o desperdício de alimentos?
A redução da perda e do desperdício de alimentos pode trazer muitos benefícios: mais alimentos disponíveis para os mais vulneráveis; uma redução nas emissões de gases de efeito estufa; menos pressão sobre os recursos terrestres e hídricos; e aumento da produtividade e crescimento econômico.
Para que isso aconteça, o diretor-geral da FAO e parceiros convidam para a candidatura de inovações tanto tecnológica como operacional como por exemplo, encontrar soluções tecnológicas para a gestão pós-colheita, novas formas de trabalhar em conjunto, melhor embalagem dos alimentos bem como relaxar nos regulamentos e padrões sobre requisitos estéticos para frutas e vegetais; melhores hábitos de consumo; políticas governamentais destinadas a reduzir o desperdício de alimentos, assim como diretrizes para redistribuir o excedente de alimentos seguros para os necessitados por meio de bancos de alimentos; e construção de alianças, inclusive fora do setor de alimentos, por exemplo, com atores climáticos.
A FAO acredita que intervenções, como informar o público sobre como reduzir o desperdício de alimentos, investir na infraestrutura da cadeia de abastecimento, treinar os agricultores em melhores práticas e reformar os subsídios aos alimentos que involuntariamente levam a mais perdas e desperdícios de alimentos são medidas pequenas em comparação com outras.
Impactos no meio-ambiente
Corrigir o ciclo negativo de perda e desperdício de alimentos aproximaria o mundo da meta do acordo de Paris de 2015 de limitar o aquecimento global a menos de 2°C. Por exemplo, reduzir a perda de alimentos em 25% compensaria os danos ambientais que seriam causados pelo uso futuro da terra para a agricultura. Isso significa não ter que destruir mais florestas com consequências devastadoras para as mudanças climáticas e a biodiversidade para produzir mais alimentos.
As inovações tecnológicas também podem combater o impacto ambiental indesejável enquanto economizam alimentos. No Quênia e na Tanzânia, por exemplo, a tecnologia de resfriamento movido a energia solar para resfriar o leite por meio de um projeto apoiado pela FAO e pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) ajudou a prevenir perdas de leite sem criar qualquer emissão adicional de gases de efeito estufa. A mesma tecnologia economiza três milhões de litros de água por ano na Tunísia.
Explicação da perda e desperdício de alimentos
Alimentos são perdidos quando são estragados ou derramados antes de chegar ao produto final ou ao varejo. Por exemplo, laticínios, carne e peixe podem estragar no trânsito devido ao transporte não refrigerado e às instalações de armazenamento refrigerado inadequados.
A FAO estima que 14% dos alimentos são perdidos dessa forma, avaliados em US$ 400 bilhões anuais. Em termos de emissões de gases de efeito estufa (GEE), os alimentos perdidos estão associados a cerca de 1,5 gigatoneladas de CO2 equivalente.
As perdas são maiores nos países em desenvolvimento, a exemplo de 14% na África Subsaariana e 20,7% no Sul da Ásia e na Ásia Central, enquanto nos países desenvolvidos, como por exemplo, Austrália e Nova Zelândia, são em média cerca de 5,8%.
As principais perdas são em tubérculos de raízes e oleaginosas (25%), frutas e vegetais (22%) e carne e produtos animais (12%).
Os alimentos são desperdiçados quando são descartados pelos consumidores ou descartados no varejo devido à sua incapacidade de atender aos rígidos padrões de qualidade ou, muitas vezes, devido a um mal-entendido sobre a marcação da data no produto.
A medição do desperdício de alimentos é uma questão complexa. Sabemos, porém, que o alimento que nunca é consumido representa um desperdício de recursos, como trabalho, terra, água, solo e sementes, e aumenta em vão as emissões de gases de efeito estufa.
Com informações da ONU Brasil
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