Instituto Pensar - Família Bolsonaro movimentou R$ 1,5 milhão em espécie durante 24 anos

Família Bolsonaro movimentou R$ 1,5 milhão em espécie durante 24 anos

por: Eduardo Pinheiro 


Transações em dinheiro vivo por membros da família Bolsonaro incluem compra de imóveis e pagamentos de boletos relativos a despesas pessoais

Segundo investigadores família Bolsonaro movimentou R$ 1,5 milhão em espécie durante 24 anos. Foto: Reprodução.

De acordo com reportagem divulgada pelo jornal O GLOBO, membros da família do presidente Jair Bolsonaro movimentaram, em 24 anos, R$ 1,5 milhão em dinheiro vivo. Entre as transições estão compras de imóveis e pagamento de despesas pessoais. A conta chega a R$ 2,95 milhões em valores corrigidos pela inflação.

O montante corresponde à soma de operações em espécie que envolveram o senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro, filhos do presidente, ambos filiados ao Republicanos, bem como as duas ex-mulheres do atual ocupante do Palácio do Planalto, Rogéria Bolsonaro e Ana Cristina Valle.

A transação mais antiga revelada pelo jornal ocorreu em 1996. Na época, Rogéria Bolsonaro adquiriu um imóvel em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, por R$ 95 mil. Mãe dos três filhos mais velhos de Bolsonaro, Rogéria estava casada com o então deputado em regime de comunhão parcial de bens – o casal se separou entre 1997 e 1998.

A segunda esposa de Bolsonaro, Ana Cristina Valle, comprou 14 imóveis enquanto esteve ao lado do marido parlamentar. Cinco deles – duas casas, dois terrenos e um apartamento – foram pagos em dinheiro vivo entre 2002 e 2006, movimentando R$ R$ 243 mil.

Quem também manteve o hábito de fazer pagamentos em dinheiro vivo foi Flávio Bolsonaro, conforme mostram as movimentações dele identificadas pelo Ministério Público (MP) do Rio de Janeiro entre 2008 e 2018, no âmbito da investigação da "rachadinha” no antigo gabinete de Flávio na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj).

Difícil de rastrear

Especialistas em direito e transparência reprovam a utilização de dinheiro vivo para transações que poderiam ser feitas por meio do sistema bancário comum. Embora não seja ilegal, a prática dificulta a rastreabilidade da origem do dinheiro e pode ser utilizada para ocultar aumentos injustificáveis de patrimônios, decorrentes de recursos ilícitos.

O economista Bruno Brandão, diretor executivo da Transparência Internacional no Brasil, explica ao GLOBO porque as transações imobiliárias são ativos relevantes para a ocultação da origem ilícita de recursos:

"Para usufruir de valores maiores gerados pela corrupção, políticos precisam utilizar bens de grandes valores para que possam desovar o montante que amealharam. Por isso, os imóveis são muito utilizados. As transações em dinheiro vivo nesses e em outros contextos deveriam surpreender os cidadãos comuns, que jamais fazem movimentações como essas, em valores tão altos.”, afirmou Brandão.

Com informações do jornal O GLOBO



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