Instituto Pensar - Militarização dos Correios dificulta diálogo com os trabalhadores

Militarização dos Correios dificulta diálogo com os trabalhadores

por: Eduardo Pinheiro 


"Com esse novo perfil de gestão, chegou a prática militar de não falar com subalternos”, diz a presidente da Associação dos Profissionais dos Correios (ADCAP)

Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

O governo Jair Bolsonaro nomeou pelo menos 14 militares para cargos de alto escalão na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), no Postalis e na Postal Saúde. Ao jornal Valor, sindicatos e trabalhadores afirmam que a militarização dificulta o diálogo.

Ex-ministro da Secretaria-Geral, o general Floriano Peixoto é hoje o "01” dos Correios. Além dele, também vêm das Forças Armadas os presidentes do Postalis e da Postal Saúde. No fundo de pensão, que ficou dois anos e meio sob intervenção por causa dos seguidos déficits atuariais, está o general quatro estrelas Paulo Humberto de Oliveira. Outro general, José Orlando Cardoso, comanda a caixa de assistência médica.

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A presidente da Associação dos Profissionais dos Correios (ADCAP), Maria Inês Capelli, afirma que todos os pedidos de audiência com o general Floriano até hoje foram negados. "Com esse novo perfil de gestão, chegou a prática militar de não falar com subalternos”, diz.

O secretário de Comunicação da Fentect, Emerson Marinho, também queixa-se do "autoritarismo” da diretoria. No entanto, o ponto mais crítico é a criação das assessorias especiais enquanto se anuncia o objetivo de economizar R$ 600 milhões por ano com corte de benefícios. "O discurso vai em uma direção, a prática vai em outra”, avalia.

Assessorias especiais

Em março deste ano, antes de anunciarem a retirada dos benefícios "extra-CLT”, o conselho deliberativo da Postal Saúde aprovou "proposta de ampliação do quantitativo de funções de Assessores da Diretoria Executiva para no máximo sete”. Com validade até outubro de 2023, a medida teve aval de dois dos três conselheiros, ambos militares.

Os documentos apresentados ao colegiado demonstravam que cada assessor teria "custo mensal” de R$ 26,4 mil, afirma o funcionário de carreira aposentado Jorge Luiz Gonzaga Ribeiro, que deu voto contrário a medida. A assessoria dos Correios, no entanto, negou a informação.

Além da nova medida, há um acordo judicial homologado em julho, com aval do Ministério Público do Trabalho, que pacificou a existência de 16 cargos de assessores especiais. Os salários são de R$ 19.454.

Com informações do Valor



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