Instituto Pensar - Bolsonaro critica isolamento e acusa Globo de “festejar” mortes pela Covid

Bolsonaro critica isolamento e acusa Globo de “festejar” mortes pela Covid

por: Eduardo Pinheiro 


Em post contra isolamento, o presidente ainda afirmou que a cloroquina salvou a vida dele

Foto: Carolina Antunes/PR

No sábado (8), o Brasil superou a marca de 100 mil mortos pelo novo coronavírus, o que não gerou nenhuma manifestação do presidente Jair Bolsonaro. No entanto, no domingo (9), Bolsonaro criticou o isolamento social mais rigoroso (lockdown) e acusou falsamente a rede Globo de ter "festejado” a marca simbólica de vítimas da Covid-19.

Em uma mensagem no Facebook, o presidente compartilhou uma reportagem do jornal britânico Daily Mail que afirma que 16 mil britânicos morreram no período de lockdown por não terem tido acesso a serviços de saúde, enquanto a Covid matou 25 mil pessoas no mesmo intervalo.

"Conclui-se que o "lockdown” matou duas pessoas para cada três de Covid no Reino Unido. No Brasil, mesmo ainda sem dados oficiais, os números não seriam muito diferentes”, escreveu Bolsonaro.

Crítico das medidas restritivas adotadas por governadores, o presidente se destacou mundialmente por ter minimizado os impactos da pandemia e provocado aglomerações. Além disso, Bolsonaro coleciona frases insensíveis sobre as mortes por Covid. Recentemente, ao comentar sobre aproximação do marco de 100 mil morte, ele afirmou que é preciso "tocar a vida”.

Buscando se retratar, Bolsonaro disse neste domingo que lamenta "cada morte, seja qual for a sua causa, como a dos três bravos policiais militares executados em São Paulo”. Os policiais citados foram mortos após abordagem por um homem que se apresentou falsamente como policial civil.

"Quanto à pandemia, não faltaram recursos, equipamentos e medicamentos para estados e municípios. Não se tem notícias, ou seriam raras, de filas em hospitais por falta de leitos UTIs [Unidades de Terapia Intensiva] ou respiradores” continuou.

Ataque à mídia

Em post criticando o isolamento, Bolsonaro também aproveitou para atacar a mídia. Sem citar a TV Globo nominalmente, apenas como "aquela grande rede de TV”, o presidente afirma que a mesma "só espalhou o pânico na população e a discórdia entre os Poderes”.

Considerada uma adversária do governo, a Globo sofre boicote e ataques de bolsonaristas desde a campanha eleitoral em 2018. A emissora chegou a sofrer ameaças sobre a renovação de concessão pelo presidente.

A fim de espalhar de gerar mais ataques em relação a Globo, Bolsonaro chamou a emissora de "covarde” e afirmou que a TV festejou o marco dos 100 mil mortos na sua edição do Jornal Nacional de sábado (8), o que é falso. O presidente ainda aproveitou para afirmar que foi salvo pela cloroquina, remédio sem comprovação científica.

"De forma covarde e desrespeitosa aos 100 mil brasileiros mortos, essa TV festejou essa data ontem, como uma verdadeira final da Copa do Mundo, culpando o presidente da República por todos os óbitos (…) Essa mesma rede de TV desdenhou, debochou e desestimulou ouso da hidroxicloroquina que, mesmo não tendo ainda comprovação científica, salvou a minha vida”, concluiu.

Com informações da Folha de S. Paulo



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