Pazuello recebe defensores de aplicação retal de ozônio para tratar Covid-19
por: Nathalia Bignon
O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, recebeu em audiência os defensores do uso do ozônio como forma de tratamento para a Covid-19. O encontro ocorreu na última segunda-feira (3).
O deputado Giovani Cherini (PL-RS), responsável pela agenda, participou do encontro e apresentou o projeto de tratamento da Ozonioterapia em pacientes infectados pelo coronavírus.
O "método repercutiu após o prefeito de Itajaí (SC), Volnei Morastoni (MDB), defender em vídeo a aplicação de ozônio, pelo ânus, em pessoas que tiveram diagnóstico da doença. O político, que também é médico, já esteve envolvidos em outras polêmicas, ao defender métodos de tratamento fora do padrão adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
"Além da citromicina, além da cânfora, nós também vamos oferecer o ozônio. É uma aplicação simples, rápida, de dois ou três minutinhos por dia, provavelmente via retal, tranquilíssima, rapidíssima, em um cateter fininho, e isso dá um resultado excelente, disse o prefeito nas redes sociais.
Na última terça-feira (4), o Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE-SC) determinou um prazo de 30 dias para que o prefeito de Itajaí e o secretário de saúde do município, Emerson Duarte, esclareçam a compra do medicamento ivermectina para o tratamento da Covid-19.
O levantamento feito pelo órgão apontou que a prefeitura pagou R$ 1,475 por unidade, que teria valor médio de R$ 0,28. Além disso, apontou excedente de 1 milhão 320 mil comprimidos, levando-se em consideração que a distribuição seria feita para 110 mil pessoas.
Além da aplicação retal de ozônio, Morastoni também já defendeu o uso da cloroquina e a homeopatia como tratamentos para a doença.
Ozionioterapia
Durante o encontro com Pazuello, Giovani Cherini disse que hospitais do Rio Grande do Sul já estão implantando a Ozonioterapia como opção de tratamento. "Um deles é o Hospital Vila Nova, de Porto Alegre, afirma. O grupo foi liderado pela médica Maria Emília Gadelha Serra. Nas redes sociais, ela comemorou: "Ozonioterapia na Saúde!, em foto ao lado de Pazuello.
Ainda participaram da reunião o assessor parlamentar da pasta, Gustavo Machado Pires, e o diretor do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (Deges), Vinícius Nunes Azevedo. Também estiveram com o ministro o deputado Osmar Terra (MDB-RS) e o ex-ministro Darsísio Perondi (MDB-RS), além de Airton Antônio Soligo, conhecido como Airton "Cascavel, assessor especial do ministro.
Preocupação
Médicos também analisam com preocupação a aplicação retal de ozônio como tratamento para pacientes com Covid-19. "Esta medida não tem nenhuma evidência científica. Até o momento, não temos nenhum medicamento comprovadamente eficaz e seguro nem para a prevenção nem para o tratamento da doença, afirma Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Segundo o infectologista, ações preventivas continuam sendo fundamentais para reduzir o número de casos. "Medidas de distanciamento de 1,5 a 2 metros entre as pessoas, o uso de máscaras de proteção facial por todos, além de lavar frequentemente as mãos com água e sabão ou usar o álcool gel a 70%.
"Se alguém sugere algum tratamento fora do usual, precisa ter justificativa técnica que explique o tratamento. Os experimentos com ozônio não tem nenhuma base científica ou lógica que consigam explicar sua ação no coronavírus, avalia Lauro Ferreira Pinto Neto, infectologista da SBI e professor da Santa Casa de Vitória.
Em nota, o Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) afirmou que médicos estão proibidos de prescrever ozonioterapia dentro de consultórios e hospitais por força de uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM 2181/2018).
"A exceção pode acontecer em caso de participação dos pacientes em estudos de caráter experimental, com base em protocolos clínicos e critérios definidos pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, indicou o órgão em nota.
Com informações do Estadão
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