Desmatamento e incêndios crescem há 14 meses na Amazônia
por: Igor Tarcízio
Na última quinta-feira (30), foram 1.007 focos de calor detectados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mais do que o registrado no mês de maio inteiro e quase a metade dos 30 dias de junho, na Amazônia. Segundo o instituto, a taxa de desmatamento na floresta está em alta há 14 meses.
"O desmatamento na Amazônia está explodindo, diz Suely Araújo, que presidiu o Ibama entre 2016 e 2018 e hoje é especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima. "O governo tem que tomar medidas imediatas. A solução para o desmatamento da Amazônia não passa pela militarização, afirma.
Crescimento assustador
Pelos alertas do sistema Deter do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o dado anual do desmatamento na Amazônia Legal pode chegar a 13 mil km2 entre agosto de 2019 e julho de 2020, alerta Suely. "Isso significa 30% a mais do que no ano passado, que já foi alto, com 10.129 km2 ".
Para Suely, a solução passa pela retomada do Plano de Combate ao Desmatamento, o PPCDam. Foi a "principal ferramenta que fez o Brasil conseguir controlar as altas taxas de desmatamento no bioma em gestões passadas.
"Passa também pela reversão do discurso governamental do presidente Bolsonaro, do ministro Ricardo Salles e de outras autoridades, de falar contra a fiscalização ambiental, deslegitimar os fiscais e as sanções ambientais. Na hora em que fazem isso, os reflexos em campo são muito negativos, continua.
"A GLO, claramente, é uma estratégia que não está funcionando. O indicador é muito claro. O desmatamento aumentou e o fogo na Amazônia está aumentando em comparação ao ano anterior, reforça Ane Alencar, diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). Ela refere-se ao efeito inicial da operação de Garantia de Lei e da Ordem executada pelas Forças Armadas na Amazônia desde maio.
Operação Verde Brasil 2
A Operação Verde Brasil 2, que combate crimes ambientais na Amazônia Legal, é coordenada pela vice-presidência em apoio aos órgãos ambientais e de segurança pública. Tem integrantes das polícias Federal e Rodoviária, fiscais do Ibama e do ICMBbio, da Força Nacional, da Abin e do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam).
Esta edição começou em 11 de maio, antes da temporada de fogo. Bolsonaro assinou um decreto em 15 de julho proibindo o uso do fogo na Amazônia e no Pantanal por 120 dias. A intenção é reduzir o impacto durante a estação seca. Este ano, a GLO e a moratória foram antecipadas pelo governo.
Suely Araújo diz que a relação entre os fiscais do Ibama e da Polícia Federal sempre foi boa, com o planejamento conjunto de operações mais relevantes. Com as Forças Amadas, também. O Ibama costuma fazer 1.200 operações ao ano no Brasil.
"As operações com muita gente em campo têm resultados limitados porque quando a equipe sai, as infrações voltam, diz Suely. "Este modelo pode até conseguir alguma redução, mas não desestrutura quadrilhas, não faz conexões entre quem financia e quem compra produto do crime. Tem que fazer o controle de toda a cadeia envolvida na atividade ilícita.
Com informações do Valor Econômico
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