Audiovisual se reinventa com streaming e drive-in
por: José Jance Marques
A indústria do audiovisual, que movimenta mais de R$ 20 bilhões no País, foi impactada de forma dramática pela pandemia, assim como outros segmentos da economia criativa.
Com a pandemia, produtoras tiveram de paralisar completamente as gravações. E com o circuito exibidor de portas fechadas (mais de 3 mil salas de cinema no Brasil), as distribuidoras tiveram os calendários de estreia prejudicados ou cancelados.
André Sturm, ex-secretário da cultura da gestão Doria e administrador do Petra Belas Artes (conjunto de salas de cinema em São Paulo) e da distribuidora de filmes independentes Pandora, diz que os exibidores foram os primeiros e os mais afetados pela pandemia dentro do setor audiovisual.
"Fomos a zero de receita porque não existe delivery de cinema. Eles são negócios que têm um custo fixo muito alto porque empregam muita mão de obra e têm aluguéis elevados por conta de estarem em imóveis grandes. E esses custos permanecem com o cinema fechado.
Algumas alternativas começaram a surgir, como resgatar o modelo de cinema drive-in.
"Vi uma foto de um drivein nos Estados Unidos e achei que essa era uma saída porque é um cinema de rua na rua. Fui atrás de montar a parte operacional e também fui ao governo do Estado propor que eles autorizassem o drive-in como atividade cultural possível, conta.
"Consegui colocar o Belas Artes Drive-In para funcionar em maio, no Memorial da América Latina. Toda a equipe foi trabalhar lá, já tivemos sessões esgotadas, finaliza.
No mês de abril, o Belas Artes também lançou a própria plataforma de streaming, o À La Carte, que já estava no calendário de novas ações para este ano e ajudou o negócio a passar pelos primeiros dias da pandemia gerando fluxo de espectadores.
Para equilibrar as contas, no entanto, Sturm acaba de entrar com pedido no Programa Especial de Apoio ao Pequeno Exibidor, uma linha de auxílio emergencial criada pela Agência Nacional do Cinema (Ancine) e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), lançada no dia 27 de julho.
O programa prevê o valor de R$ 8,5 milhões do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) para empreendedores com até 30 salas de cinema. A Ancine espera atingir de forma imediata 700 salas de exibição em 325 complexos de 185 empresas em 24 Estados.
Para a retomada, os cinemas precisam seguir protocolos, como sessões que comportam apenas 40% da capacidade de espectadores por sala, diminuindo assim a receita da venda de ingressos.
Fundada em 2010, a distribuidora Vitrine Filmes teve o calendário de estreias suspenso. Para o diretor da empresa, Felipe Lopes, o drivein é uma alternativa para cumprir a regra de primeira exibição em cinemas de filmes brasileiros que contam com recursos públicos.
"Os drive-in não alcançam o mesmo potencial de público e são menos acessíveis, mas é hoje uma importante alternativa. Lopes ainda ressalta a programação única dos drive-in como fator limitador da exibição. "Não há múltiplas telas, com variedade. Tudo isso muda a perspectiva econômica, apesar da importância da tela grande e de termos a magia do cinema em tempos difíceis.
Os efeitos da pandemia para o audiovisual são sentidos por todo o setor, diz o diretor. "Uma atividade que movimenta bilhões ter o segmento de salas de exibição fechado por cinco meses tem impactos gigantescos. Ainda tem a perda cultural de obras brasileiras que, por regras de fomento, ficaram impedidas de chegar ao público. Precisamos estar unidos.
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