Em livro, sobrinha descreve Trump como narcisista e trapaceiro
por: Nathalia Bignon
Mary L. Trump, sobrinha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lança, no próximo dia 14 de julho, um livro no qual descreve o tio como um narcisista mentiroso moldado pelo pai dominador e por um ambiente familiar nocivo. Trechos foram divulgados na última terça-feira (7) por agências de notícias e pela imprensa americana.
Psicóloga e atualmente distante do tio, Mary afirmou que a reeleição seria uma catástrofe e que "mentir, jogar no denominador comum mais baixo, trapacear e semear a discórdia é tudo o que ele sabe fazer.
"Até este livro ser publicado, centenas de milhares de vidas americanas terão sido sacrificadas no altar da soberba e deliberada ignorância de Donald. Se ele receber um segundo mandato, será o fim da democracia americana, escreve a sobrinha do presidente no livro Too Much and Never Enough, How My Family Created The Worlds Most Dangerous Man (Demais e nunca o suficiente, como minha família criou o homem mais perigoso do mundo, em tradução livre).
A psicóloga é filha do irmão mais velho do presidente, Fred Jr., que morreu aos 42 anos após lutar contra o alcoolismo, em 1981. O livro é a segunda publicação sobre o presidente lançada em menos de dois meses, com descrições prejudiciais à sua imagem, depois do best-seller The room where it happened (A sala onde aconteceu, em tradução livre), escrito por John Bolton pelo ex-conselheiro de Segurança Nacional de Trump.
Farsa religiosa e acadêmica
Em seu livro, Mary Trump alega que o presidente pagou um de seus colegas para fazer o exame SAT, um teste de admissão em universidades, em seu lugar. A irmã do atual presidente Maryanne Trump, que fazia os deveres de casa dele, não podia fazer a prova por ele.
O jovem Donald temia que sua pontuação ficasse bem abaixo da dos melhores alunos, o que prejudicaria seus esforços para ser aceito na Escola Wharton da Universidade da Pensilvânia, para onde se transferiu depois de dois anos na Universidade Fordham, no Bronx, em Nova York.
Segundo Mary, ele pagou Joe Shapiro, "um jovem inteligente com reputação de se sair bem nas provas, para fazer o teste em seu lugar. "Donald, para quem jamais faltou dinheiro, pagou bem o colega, conta. A porta-voz da casa Branca, Sarah Matthews, disse que a alegação é "completamente falsa.
A sobrinha também se disse impressionada com a capacidade de Trump de ganhar a confiança de líderes cristãos e evangélicos brancos. "A única vez em que foi à igreja foi quando as câmeras estavam lá. É incompreensível. Ele não tem princípios. Nenhum!, escreveu.
Reações
A secretária de imprensa da Casa Branca, Kayleigh McEnany, condenou o que chamou de "acusações ridículas e absurdas que não têm absolutamente nada de verdade.
A editora Simon & Schuster anunciou o lançamento do livro para o dia 14 de julho, depois de um tribunal em Nova York permitir a publicação depois de uma disputa na Justiça.
Robert Trump, irmão mais novo do presidente, processou Mary, argumentando que ela estava sujeita a um acordo de 20 anos entre os membros da família que impede a publicação de obras sem a aprovação dos familiares citados.
Mary diz que considerou falar sobre Donald Trump diversas vezes, inclusive em 2016, mas temia ser retratada como uma "deserdada amargurada que queria obter lucro ou ajustar contas. Mary, entretanto, disse que após os últimos três anos, "não podia mais ficar em silêncio.
Trump "misógino e narcisista
O livro traz uma visão psicanalítica da família de Trump de uma pessoa treinada na área, que vê as características que tanto despreza no tio como uma progressão natural do comportamento do pai dominador dele, Fred Trump, que criou um ambiente doméstico abusivo e traumático.
Mary ainda retrata o tio como um "narcisista que exigia constante adulação, até mesmo de seus familiares, e pouco se importava com os sentimentos deles. A retórica agressiva que ele emprega nos discursos de campanha não é novidade para a sobrinha.
"Em todas as refeições de família em que estive, Donald falava sobre as mulheres que considerava feias, gordas e desleixadas, ou sobre homens, geralmente de maior sucesso do que ele, que ele chamava de perdedores.
Para Donald, ela diz, "mentir era um ato de defesa, e não simplesmente uma maneira de contornar a reprovação de seu pai ou evitar punição, mas sim, uma maneira de sobreviver.
Com informações da Deutsche Welle Brasil.
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