Instituto Pensar - Pandemia acentuou a exclusão escolar no Brasil, aponta Unesco

Pandemia acentuou a exclusão escolar no Brasil, aponta Unesco

por: Nathalia Bignon


Um relatório divulgado no fim de junho pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) alertou que 40% de um grupo de mais de 200 países não têm condições de oferecer apoio a estudantes no ensino a distância durante a pandemia.

A informação consta no Relatório Global de Monitoramento da Educação para 2020: Inclusão e educação – Todos significa todos. Além da indicação da "exclusão total” de 258 milhões de crianças e jovens da educação, o estudo aponta que a pobreza é o principal obstáculo no acesso ao ensino.

Entre as variáveis da pesquisa estão histórico, identidade e capacidade, com foco em sexo, idade, localização, pobreza, deficiência, etnia, origem indígena, idioma, religião, migração ou deslocamento. Aborda, ainda, aspetos como estado civil, orientação sexual ou expressão de identidade de gênero, encarceramento, crenças e atitudes.

Capítulo Brasil

No caso específico do Brasil, o relatório destaca, além da pobreza, o fato de o país abrigar 112 milhões dos afrodescendentes da América Latina, a maioria na região. Este grupo sofre "um legado de oportunidades limitadas de educação”.

A proporção total de afrodescendentes é equivalente a 55% da população brasileira, mas tem uma taxa de pobreza de 26% comparada a 12% de outros grupos. Aponta também a questão de transporte para escola no Brasil, destacando que "quanto mais longo o trajeto, pior é o impacto no desempenho acadêmico”.

Outros estudos

Em abril, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Programa Mundial de Alimentação (PMA) estimaram que cerca de 370 milhões de crianças poderiam ficar sem merenda, como resultado do fechamento das escolas ao longo da crise sanitária.

Vulneráveis na pandemia

Os números mostram como alunos socialmente vulneráveis acabam enfrentando mais obstáculos no contexto da pandemia. Agora, a exclusão escolar se amplia com a falta de acesso à internet.

Apesar de ser adotada pelas redes públicas de ensino, como forma de garantir que os estudantes possam dar continuidade aos estudos, a ferramenta não está ao alcance de todos, que precisam utilizá-la para complementar materiais impressos, assistir a aulas online, resolver exercícios ou manter contato com os professores.

Volta às aulas

Em algumas unidades federativas, como o Distrito Federal, a volta às aulas já foi anunciada. Nesta terça-feira (7), a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc) anunciou um protocolo de retomada das aulas na rede pública estadual, com previsão de início em 2 de agosto.

O governo estadual de São Paulo programou o retorno das aulas presenciais para 8 de setembro.

Na primeira etapa, a ocupação das salas de aula deve ser de, no máximo, 35%. Até que todos os alunos possam voltar, a orientação é de que acompanhem as aulas remotas, a partir da plataforma virtual Centro de Mídias SP, e se cadastrem para ter acesso gratuito à internet, possível por meio de aplicativo.

Para tentar apoiar o retorno, o Ministério da Educação lançou uma página para divulgar informes sobre as medidas tomadas durante a pandemia. 

Com informações da Unesco e Agência Brasil.



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