Instituto Pensar - Estudo sugere que eleitores de Bolsonaro são as maiores vítimas da covid

Estudo sugere que eleitores de Bolsonaro são as maiores vítimas da covid

por: Mônica Oliveira 


O posicionamento anticientificista de Bolsonaro, que rotineiramente nega evidências científicas, tem sido letal aos próprios eleitores do presidente. A descoberta de que eleitores de Bolsonaro são os que mais morrem por covid-19 veio de um estudo realizado pela Universidade Federal do ABC (UFABC), da Fundação Getúlio Vargas e da Universidade de São Paulo, conta a Folha.

O discurso da "gripezinha” disseminado por Bolsonaro, encorajando a saída de casa, tem reduzido a taxa de isolamento social no Brasil e com isso, proporcionalmente, mais pessoas estão morrendo por covid-19 em municípios onde ele teve expressiva votação.

O estudo "Ideologia, isolamento e morte: uma análise dos efeitos do bolsonarismo na pandemia de Covid-19”, de quatro pesquisadores UFABC, FGV e da USP aponta que essa letalidade de eleitores bolsonaristas foi registrada em praticamente todas as ocasiões em que o presidente minimizou a pandemia.

Pesquisa

A pesquisa sustenta que a votação do presidente no primeiro turno, por município, tem correlação negativa com a taxa de isolamento; e correlação positiva com mortes por Covid-19. Ou seja, onde Bolsonaro teve mais votos, o isolamento tem sido menor e, por consequência, o número de óbitos registrados é maior.

"É como se, com seu discurso, Bolsonaro tivesse levado seus eleitores ao abatedouro ", diz Ivan Filipe Fernandes, doutor em Ciência Política pela USPe professor da UFABC, que é um dos autores do trabalho.

"Não conseguimos estimar quantas pessoas morreram a mais por conta das falas do presidente, mas certamente teríamos menos óbitos, principalmente entre seus apoiadores, se ele tivesse agido de forma diferente”, conclui Fernandes

A pesquisa considerou ocasiões em que Bolsonaro se manifestou contrário à ameaça da Covid-19 ("gripezinha”) e os efeitos das falas sobre o isolamento social, monitorado a partir dos dados de georrefenciamento de celulares captados em todos os estados pela empresa Inloco.

Para se ter uma ideia dessa influência negativa, na primeira rodada de entrevistas (fim de março e início de abril) com esse tipo de eleitor, 59% apoiavam o isolamento. Já na segunda vez em que foram ouvidos, fim maio e início de junho – período em que se intensificaram as declarações, o apoio ao isolamento havia caído para 41% entre esses eleitores.

Vergonha internacional

Bolsonaro é criticado mundialmente pela postura negacionista assumida desde a chegada da  pandemia do novo coronavírus no Brasil. O presidente tem estimulado o uso de cloroquina, remédio reprovado por estudos científicos, além reter a divulgação de dados sobre a pandemia.



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