Instituto Pensar - “Sem planos pro Brasil”: saída de Decotelli provoca nova enxurrada de críticas a Bolsonaro

“Sem planos pro Brasil”: saída de Decotelli provoca nova enxurrada de críticas a Bolsonaro

por: Nathalia Bignon 


Carta de demissão foi entregue menos de uma semana depois de Decotelli ser anunciado como novo chefe do MEC

saída de Carlos Alberto Decotelli, indicado ao cargo de ministro da Educação, apenas cinco dias depois de ser anunciado por Jair Bolsonaro (sem partido), foi entendida nesta terça-feira (30) como mais um sinal do despreparo do atual governo.

Acusado de plagiar no mestrado, de mentir sobre suas titulações de doutorado e pós-doutorado, o candidato ao MEC também foi abertamente contestado acerca de apoio empresarial e do vínculo como professor pela Fundação Getúlio Vargas. Mesmo sem demonstrar surpresa com o pedido de demissão do quase ministro, congressistas não pouparam nas críticas à gestão de Bolsonaro.

"Depois do ministro da Saúde Nelson Teich, que durou 29 dias, agora temos o ministro da Educação Decotelli, que sequer foi empossado. E assim vamos pro 4º ministro da Educação em 18 meses… Esse é o governo Bolsonaro: sem seriedade, sem planos pro Brasil!”, declarou o líder do PSB na Câmara, deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ).

Fundeb

Colega de partido, Danilo Cabral (PSB-PE) lamentou o momento vivido pelo país e a falta de perspectivas para a educação.

"No momento que o mundo faz da educação uma prioridade para sair da crise, o Brasil é submetido a constrangimentos pelo desprezo que Bolsonaro tem pela ciência e o conhecimento. Enquanto isso, a pauta que interessa ao país, o novo Fundeb e volta às aulas, é desprezada pelo Governo”, disse, recordando a principal fonte de recursos da educação básica do país, cuja validade termina no fim de 2020.

"Piada de mau gosto”

Vice-líder do PCdoB, o deputado federal Márcio Jerry (MA) chamou de "acidente trágico” a presidência de Bolsonaro. "Uma piada de mau gosto essa dupla Bolsonaro&Decotelli. Brasil todo dia sendo envergonhado por esse acidente trágico chamado Bolsonaro”, disse logo após a oficialização da baixa no MEC.

"O ministro da educação que saiu SEM ter entrado. E, em plena pandemia, – um dos momentos mais críticos já enfrentados pela humanidade – SEM ministro da saúde. SEM políticas sociais, SEM política econômica, e SEM projeto de país. Um governo SEM rumo”, apontou a deputada do PSOL, Luiza Erundina (SP), sobre o substituto de Abraham Weintraub.

Érika Kokay (PT-DF) disse esperar o mesmo desfecho para o presidente. "Decotelli vai entrar para a história como o primeiro ministro de Bolsonaro a ser punido por mentir. Esperando o dia em que vamos ‘demitir’ o presidente pelo mesmo motivo”.

Leia também: Subprocurador pede investigação sobre nomeação de Decotelli

"Triste página”

Companheira de partido, Margarida Salomão (PT-MG) elencou os últimos escândalos encenados no ministério. "Que triste página para a história do Ministério da Educação. Antes, um ser abjeto, que aparelhou o MEC para uma guerra fria contra as universidades e a ciência. Agora, um malandro contumaz. Ao cabo, a culpa máxima ainda é de quem tem o poder da caneta”, afirmou.

A deputada Tabata Amaral (PDT-SP) usou as redes sociais para reforçar que o descaso com a educação é reflexo das prioridades do governo. "A não priorização da pasta mais importante do país é reflexo do projeto obscurantista de Bolsonaro. O presidente não tem pressa, mas nossos jovens têm. A cada dia, o sonho de um futuro melhor fica ainda mais distante. Não podemos deixar a educação à deriva e uma geração inteira para trás”, declarou.

No Senado

O desprezo governamental com a pasta também foi lembrado no Senado. Líder da oposição na Casa, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) escancarou a falta de competência do presidente. "Eis a importância que este governo dá para a Educação: um ministro caindo em tempo recorde. Mais um no meio dessa bagunça! Em meio à uma pandemia, Bolsonaro não tem competência sequer para escolher ministros. Sem Saúde, sem Educação, sem Cultura. O caos!”, definiu.

Humberto Costa (PT-PE) foi mais um a associar o governo à desordem. "O governo Bolsonaro é uma verdadeira bagunça. Ninguém quer se alinhar a esse projeto nefasto. Alguns ainda se propõe a esse tipo de papel ridículo protagonizado por Decotelli. A Educação está sem rumo e deverá ter o mesmo destino da Saúde, o caos total”, afirmou o senador.



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