Eleições 2020: “Combater desigualdades é um dos grandes desafios de Salvador”, diz Lídice

Pré-candidata à prefeitura de Salvador, a deputada federal Lídice da Mata (PSB) destacou o combate às desigualdades como um dos grandes desafios soteropolitanos, em videoconferência do Partido Socialista Brasileiro (PSB). A avaliação de Lídice foi feita durante o Ciclo de Debates "Salvador e Sua Gente”, realizado pelo PSB de Salvador. O evento ocorreu no domingo (28) em cumprimento à agenda de formação política para pré-candidatas de vereadores da legenda na capital da Bahia.

Lídice lamentou que a cidade, dona do nono maior PIB do Brasil, seja marcada por desigualdades sociais, aprofundadas pelo momento de crise sanitária.

Sinalizando atenção aos setores cultural e do turismo de Salvador, no momento da pandemia do novo coronavírus, a socialista defendeu o dinamismo da indústria criativa como alavanca de recuperação da economia da cidade, geração de postos de trabalho e renda.

"Nós não temos uma indústria formal, em Salvador. Somos uma cidade de serviços em geral: de saúde, do comércio, hotelaria, turismo, da economia criativa. Muitos deles bastante prejudicados por conta da pandemia. É o caso das áreas da cultura e do turismo, duas áreas que provavelmente estarão na cadeia de recuperação mais tardia do que outras. Estamos chegando no pico da pandemia, vamos enfrentar tempo difíceis. Por isso é importante ressaltar positivamente a ação conjunta do governo estadual com a prefeitura de Salvador”, avaliou a pré-candidata.

O seminário virtual teve como expositores o ex-deputado federal Domingos Leonelli; a professora de Direito Tributário e pré-candidata a vereadora Karla Borges; e Ana Georgina Dias, supervisora técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos (Dieese).

Nova roupagem do capital

Em contribuição ao debate, Domingos Leonelli alertou que os mais ricos precisam se adaptar às mudanças mundiais. O integrante da Executiva Nacional do PSB disse que os capitais que formavam os investimentos das grandes indústrias agora assumiram nova roupagem, e não são apenas capital físico.

Segundo Leonelli, que coordena o site Socialismo Criativo, os capitais intelectual e criativo estão na vanguarda desse debate e fazem parte do processo industrial.

"O termo serviços precisa ser definido com mais clareza e que possamos destrinchar a economia, a definir quais serviços são mais dinâmicos e quanto representam percentualmente em suas áreas”, sugeriu ele, que defendeu mudanças nas estruturas dos estados para atender às necessidades do trabalho intermitente e autônomo

O socialista também citou a Reforma Trabalhista como pauta relevante, mas sem a mudanças propostas pelos governos Temer e Bolsonaro.

Cidade desigual

Georgina Dias, do Dieese, expôs dados que confirmam Salvador como cidade rica, porém desigual, pois, segundo ela, mesmo como uma "economia pujante”, a distribuição de renda é desigual.

"Salvador é o nono maior PIB do país, entre os municípios. Temos mais de 5.500 municípios. Não estamos falando de um município pobre, mas de um município desigual, onde tem uma concentração gigantesca de renda, mas que nem de longe significa pobreza”, apontou Ana Georgina, utilizando dados divulgados em 2019.

Em relação ao mercado de trabalho, só para exemplificar o desequilíbrio, a supervisora técnica do Dieese lembrou que os 10 maiores municípios da Bahia concentram 52,28% da riqueza gerada no estado, mesmo com uma taxa de desemprego de 17,5% em Salvador, calculada no primeiro trimestre de 2020.

Arrecadação desigual

Ao analisar o panorama geral tributário da cidade, Karla Borges, professora de Direito Tributário, disse que a arrecadação ainda é pequena. Ela criticou o excesso de cobrança de impostos à parcela da população cujo poder aquisitivo é menor. "cobramos pouco daqueles que tem em maior capacidade contributiva”. E revela que o IPTU não chega a 10% da receita na capital baiana.

"Nós temos, no exercício de 2020, o orçamento de quase R$ 8 bilhões. Temos que desmistificar que o IPTU é a maior fonte de renda do município. Poderíamos cobrar mais de quem mais tem e dispensar quem menos tem de pagar um tributo, que na realidade é um tributo sobre a sua moradia, que é um direito constitucional. Mais importante do que o IPTU é o direito de se morar. Temos que cobrar pouco, mas cobrar de todo mundo”, evidenciou.

A formação promovida pela legenda socialista, que em salvador é presidida pelo vereador Silvio Humberto, contou com participações como a da deputada estadual Fabíola Mansur, do vereador Zé Trindade e do diretor-geral da Fundação Pedro Calmon, o arquiteto Zulu Araújo.