Parada Preta discute questão racial no contexto da semana do orgulho LGBTQI+
por: Mônica Oliveira
A questão racial no contexto da semana do orgulho LGBTQI+ foi discutida na Parada Preta, realizada por meio de live do Instagram, no Dia do Orgulho LGBTQI+, domingo (28/6). O evento, realizado pelo coletivo Amem, pautou pessoas negras, trans, mulheres lésbicas e periféricas com a proposta de ser um espaço para os corpos estarem à vontade, conta o Alma Preta.
Flip Couto, idealizador do coletivo Amem, afirmou que o movimento gay é dominado por homens cisgêneros brancos que buscam a adequação social por meio da normatização de seus corpos.
Segundo ele, por estar baseado meramente na estética e em viagens, o pink money (movimento de consumo referente ao poder de compra da comunidade LGBTQI+) acaba por excluir o público mais afetado pelas desigualdades do sistema capitalista: as pessoas negras. "A Parada LGBTQI+ é o evento de mais arrecadação da cidade, ressalta.
Ele ainda lembrou que o tema HIV/Aids é tratado sem o recorte racial e, partindo de um olhar integrado sobre exclusões e apagamentos de grupos marginalizados, chamou a atenção para distorções dentro do próprio movimento.
"Quem mais morre e não tem acesso a tratamento são as pessoas negras. Ainda existe dentro do movimento muita misoginia, transfobia, racismo, classismo, pontuou.
Diante da luta para pautar o tema, em 2021 a parada oficial vai abordar o HIV/Aids. Além da necessidade de aquilombamentos (termo relacionado ao chamamento coletivo para reconexão com a ancestralidade africana), o evento discutiu assuntos ligados à saúde mental e integral da população negra LGBT.
Outro participante do debate online, o professor de história Jeferson Silva destacou que apesar de sermos seres relacionados à imagem, a representatividade apenas não é suficiente pois, disse ele: "nós pessoas negras não somos privilegiadas pelo sistema do capital.
"Pensamos o significado da diversidade para pessoas negras, trans. Não tínhamos orgulho dessa programação, por isso pensamos numa parada preta que desse ideia ao plural e não ao diverso, diz Couto sobre a tradicional Parada do Orgulho Gay, organizada anualmente.
Pode conferir íntegra do evento pelo perfil da Parada Preta, no Instagram.
https://www.instagram.com/tv/CB_kORKn0rt/?utm_source=ig_embed
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