ONU alerta que pandemia deixará 47 milhões de mulheres sem acesso a métodos contraceptivos
por: Eduardo Pinheiro
Um relatório do Fundo Populacional da ONU alerta sobre o indesejado "baby boom provocado pela pandemia e suas medidas de contenção
Segundo as estimativas do Fundo Populacional da ONU (UNFPA, na sigla em inglês) publicadas na última terça-feira (28), 47 milhões de mulheres deixarão de ter acesso a métodos de planejamento familiar nos próximos seis meses em 114 países de renda baixa e média.
Isso é a consequência de algumas medidas para combater o covid-19, como o confinamento e o fechamento de clínicas por falta de material, em um mundo onde ainda não se pode garantir às mulheres que seus direitos sejam preservados em momentos de crise.
A pesquisa, que foi feita com contribuições da Advir Health, da Universidade Johns Hopkins (EUA) e da Universidade de Victoria (Austrália), aponta um grande passo para trás no progresso da igualdade de gênero.
"O assessoramento e informação sobre planejamento familiar, assim como a anticoncepção de emergência, consideram-se salvadores de vidas; devem proporcionar-se, estar disponíveis e ser acessíveis, ressaltou Ramiz Alakbarov, diretor-executivo-adjunto do UNFPA, ao El País.
Consequências desastrosas
Um estudo do Instituto Guttmacher publicado na revista International Perspectives on Sexual and Reproductive Health reforça a advertência da ONU.
A organização norte-americana alerta que ocorreria, além disso, 15 milhões adicionais de gestações indesejadas, o que por sua vez "levaria a mais abortos inseguros e outros resultados negativos como uma maior mortalidade materna.
Segundo suas projeções, uma diminuição de 10% na provisão de atendimento médico relacionado à gravidez e ao recém-nascido "teria consequências desastrosas: 1,7 milhão de mães e 2,6 milhões de bebês experimentariam complicações graves, e ocorreriam 28.000 mortes maternas e 168.000 falecimentos de recém-nascidos adicionais aos que já acontecem.
Os pesquisadores afirmam que não é tarde demais para reverter esse cenário, mas para isso seria necessário que os líderes de cada país promovessem políticas públicas de melhor acesso a saúde.
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