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Herman Bessler: Economia criativa e um projeto de país

O profissional do século XXI precisa de habilidades que o tornem apto a transitar neste mercado


por O Dia

Rio - O futuro do trabalho já é assunto de redes sociais e mesas de bar. Natural, pois algo como 30% dos empregos atuais irão desaparecer nos próximos vinte anos. Ainda que especialistas discordem sobre os números, a automação de funções, a substituição de pessoas por robôs de atendimentos e até softwares de inteligência artificial com capacidade para negociar ações - ou escrever artigos como este - traz a dura realidade para um prazo mais curto do que se imagina.

O profissional do século XXI precisa de habilidades que o tornem apto a transitar neste mercado. A alfabetização digital e midiática, o empreendedorismo e a flexibilidade cognitiva estão distantes da lógica atual da educação no País, que continua a prezar a repetição, o conteúdo encaixotado e a hierarquia.

Vivemos um cenário de incerteza econômica após um longo período de recessão. Ainda assim, a economia criativa (conjunto de 22 setores que tem a criatividade como principal insumo) emerge como um dos principais setores para alavancar o crescimento. Serviços ligados à economia digital como jogos eletrônicos, vídeos online e mídias sociais, por exemplo, estão entre os que mais se desenvolveram na última década no País.

Há muito por fazer. Na conferência Brazil at Silicon Valley, que aconteceu este mês, evidenciou-se o contraste entre as maiores empresas americanas (Apple, Alphabet e Amazon), advindas da indústria criativa, e as maiores brasileiras (Petrobras, Itaú, Vale), frutos de uma economia industrial que trouxe o País até aqui, mas que não nos conduzirá pelos próximos 50 anos.

Carecemos urgentemente de políticas públicas robustas e integradas de fomento ao ecossistema de inovação no País. Um case de sucesso pode ser retirado do Programa Rio Criativo, de autoria da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Rio, e operado pela rede Templo.cc . Há cerca de uma década, a iniciativa reúne uma incubadora, um espaço de coworking, uma escola itinerante para empreendedores e um laboratório em desenvolvimento.

Programas como este podem ser reproduzidos por parcerias público-privadas e geridos de forma relativamente autônoma. Programas em escala nacional de formação para além das universidades, com abordagens mão na massa e de fácil acesso são igualmente bem-vindos e trazem boa perspectiva.

Se há uma agenda prioritária e consensual, é aquela que engloba política de inovação, pesquisa e desenvolvimento, processo de transformação digital do poder público e formação de uma mão de obra moderna e condizente com os desafios do nosso tempo.

Investir em uma nova matriz focada em inovação digital e sustentabilidade é o caminho mais efetivo para alcançar o desenvolvimento social, econômico e cultural que nos permita ser menos desiguais e, ao mesmo tempo, mais competitivos.

*Herman Bessler é fundador do Templo.cc, consultor de Inovação e empreendedor em série




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