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Autorreforma do PSB: uma nova esquerda além do PT?

por: Domingos Leonelli 


 Imagem: arte de rua no Cairo (2011)

O programa do Partido Socialista Brasileiro (PSB) está sendo reelaborado com novos conceitos sobre o socialismo democrático. Novas ideias para um projeto nacional de desenvolvimento baseado na economia criativa, inclusive para a floresta amazônica; ideias radicais para o combate às desigualdades, como o ensino fundamental exclusivamente gratuito, o renascimento criativo da indústria e a reforma do Estado. Acredito que esse processo de Autorreforma do PSB poderia se constituir no amálgama de uma nova formação partidária da esquerda.

Socialismo desejado é tabu da esquerda

As teses da Autorreforma, além de sentido autocrítico, ousa mexer num tema tabu para a esquerda que é a definição do socialismo desejado, a partir da novos paradigmas econômicos resultantes da revolução tecnológica, da chamada era do conhecimento.

Surfando nas ondas do "socialismo de mercado? chinês e vietnamita que incorporou a iniciativa privada, nas experiências sociais-democratas do chamado "socialismo nórdico? e nas experiências exitosas de governos socialistas como os da Espanha e Portugal, os socialistas brasileiros propõem o Socialismo Criativo como uma atualização do seu ainda válido conceito de socialismo democrático.

"O Socialismo Criativo corresponde às profundas mudanças disruptivas ocorridas no desenvolvimento das forças produtivas a partir da revolução tecnológica que acelerou radicalmente os ciclos de inovação?.
Tese 508 da Autorreforma do PSB

Socialismo Criativo propõe visão para o desenvolvimento

Mas o Socialismo Criativo não é apenas um objetivo de longo prazo que, de acordo com a proposta do novo manifesto, resultaria num "Brasil socialista e profundamente democrático?. Deverá se constituir, também, numa visão dos socialistas para a construção de um Projeto Nacional de Desenvolvimento desde já, ainda no capitalismo.

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O Socialismo Criativo representará a dimensão humana da revolução tecnológica e um olhar crítico da Economia Criativa, que embora sendo o eixo central do desenvolvimento, também gera novas desigualdades sociais.

Autorreforma do PSB aponta caminho para a esquerda

É com essa perspectiva que o PSB trabalhou ao longo dois últimos anos consultando especialistas escrevendo e reescrevendo suas teses como a Amazônia 4.0, a economia criativa como eixo central de desenvolvimento, a revolução criativa na educação, as cidades criativas, a economia verde, renda básica universal, a reforma tributária com taxação dos ganhos de capital, os empregos verdes, o novo federalismo e a transformação do Brasil numa Potência Criativa e Sustentável. Incorporando, sempre, os recortes de raça, gênero, juventude, diversidade e cultura a essas teses.

Tudo, porém, está em discussão até o XV Congresso do PSB em dezembro de 2021 que bem que poderia ser um congresso da maioria dos socialistas brasileiros.

Debate com outras forças da esquerda

Assim, o PSB se propõe a discutir o seu novo programa com outras forças de esquerda para além de sua própria militância, como já vem realizando em suas lives da Autorreforma e da Revolução Brasileira no Século XXI. Está acenando, na verdade, para as lideranças progressistas independentes e até para outros partidos considerados irmãos dos socialistas. Este aceno pode coincidir com fatores mais políticos e eleitorais decorrentes do fim das coligações proporcionais nas eleições para a Câmara Federal e Assembleias Legislativas estaduais de 2022.

Considero, pessoalmente, que a existência de uma formação socialista, moderna, criativa, muito brasileira e também muito latino-americana, será um fator extremamente positivo para a democracia a brasileira. Uma força modernamente revolucionária que agregasse a longa e rica experiência democrática e revolucionária do PCdoB, o nacionalismo desenvolvimentista do PDT, a magnífica herança de cultura politica do PCB e de outros grupos e personalidades independentes de esquerda, faria muito bem ao próprio PT que já se constituiu numa poderosa referência da vida política no Brasil.

Uma esquerda, não contra e nem em oposição, mas independente do PT. Dois grandes partidos de esquerda concorreriam para o fortalecimento do campo progressista na democracia e para o avanço da Revolução Brasileira no século XXI.



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