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Covid-19: Brasil ultrapassa 13 milhões de casos da doença

por: Lucas Nanini 


Foto: Getty Images

O Brasil chegou à marca de 13 milhões de casos de Covid-19 nesta segunda-feira (5), de acordo com o balanço do consórcio de veículos de imprensa. Ao todo, são 333.153 mortes desde o início da pandemia, sendo 1.623 óbitos confirmados nas últimas 24 horas. A média móvel nos últimos sete dias foi de 2.698 mortes.

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Covid-19: especialistas estão pessimistas

A expectativa é de que o país continue a registrar números expressivos da doença, com especialistas apontando para a possibilidade de mais de 100 mil mortes em um mês. A perspectiva pessimista se deve principalmente à falta de uma ação coordenada para garantir o isolamento social, ao número insuficiente de vacinas para a população e à ausência de um plano efetivo do governo federal na condução do combate à pandemia.

Em entrevista à Rádio França Internacional (RFI), o médico , consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, disse que é necessário que as pessoas tenham noção da gravidade do problema e que sigam ao máximo o isolamento social. Segundo ele, o Brasil ainda não chegou "ao fundo do poço?. Um estudo Universidade de Washington mostra que, caso não sejam tomadas as devidas medidas, iremos superar as 100 mil mortes em mês já em abril.

"No mês passado, tivemos aproximadamente 66 mil vidas perdidas. Quase diariamente ouvíamos recordes de número de casos e óbitos para a doença. Ouvimos falar em falta de vagas no serviço de saúde em vários locais do Brasil. E mesmo com os números horríveis a que nós estamos assistindo hoje, acredito que ainda não chegamos ao fundo do poço, que a situação pode ser pior.É preciso que exista conscientização das pessoas, que o problema é grave, preocupante, é muito triste. É necessário que, quem puder, fique em casa.?
Leonardo Weissmann, SBI

O infectologista afirma que até o momento o país não tem uma liderança, uma comunicação coordenação entre os governos federal, estaduais e municipais, com cada esfera da administração pública agindo da forma que bem entende, muitas vezes sem respaldo técnico, disseminando informações falsas e tratamentos com medicamentos sem eficácia comprovada.

"É necessário que tenhamos um Ministério da Saúde que tome atitudes, desenvolva protocolos pautados na saúde, que, se necessário, peça ajuda a sociedades médicas. Se não tiver esse apoio do Ministério da Saúde, vai ser muito difícil que consigamos controlar essa situação e diminuir o número de mortes no país.?

Política X Pandemia da Covid-19

A politização do debate em torno do combate à pandemia é apontada como um entrave na luta contra a Covid-19. Para o médico Ricardo Monteiro, integrante do comitê gestor do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), centro médico público de referência para tratamento de pacientes com coronavírus em Brasília, a discussão fora do aspecto técnico atrapalha todo o trabalho para conter o avanço do vírus e para salvar vidas.

"É muito importante a gente não politizar a doença, mas ela está muito politizada. Isso atrapalha demais. Atrapalha na administração dos recursos, atrapalha nos investimentos, atrapalha na gestão dos leitos, na gestão dos hospitais, na gestão dos insumos, e assim por diante.?
Ricardo Monteiro, médico do HRAN

Com o debate saindo da área médica, parte da população tem recorrido a drogas sem eficácia comprovada, mesmo que apenas procedimentos atestados cientificamente é que tenham salvado vidas. Com isso, aliado ao longo período desde o início da pandemia, muitas pessoas deixaram de tomar os cuidados necessários para evitar a propagação do vírus.

"No ano passado, quando viram que a doença estava chegando muito próximo, as pessoas, por temor, por medo, ficavam em casa. Hoje em dia você não consegue, mesmo com todas as medidas de lockdown, frear a circulação.?
Ricardo Monteiro

Os erros na condução do combate à pandemia cometidos pelo governo federal desde a confirmação dos primeiros casos, em março de 2020, são fatores elencados pela oposição como determinantes para o atual quadro.

A troca de três ministros da Saúde em um ano, a falta de campanhas de orientação à população, o discurso contrário às medidas de prevenção, como o lockdown em regiões onde houve falta de leitos de UTI, por exemplo, e a falta de organização para a compra de medicamentos, insumos e vacinas estão entre os itens que contribuíram para o aumento no número de casos e de mortes por Covid-19.

Socialistas comentam erros

"Desde o início, o governo cometeu erros graves na condução dessa pandemia, começando pelo negacionismo. Mas agora, com o número de mortes, problemas na distribuição de vacinas, não tem outra alternativa a não ser ouvir a ciência. E continua uma guerra de narrativa, o presidente achando uma coisa, o ministro achando outra. Esperamos que o Brasil ganhe com o novo ministro, que em alguns momentos já se mostra mais favorável a medidas acertadas.?
Aliel Machado (PSB-PR)

Para o deputado federal e líder da Oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), os brasileiros têm cada vez mais percebido que o governo federal não tem agido como deveria e que isso tem resultado em uma situação que piora constantemente. Ele comentou pelas redes sociais uma pesquisa da XP Investimentos que mostra que 48% da população consideram o governo ruim ou péssimo e que esperar o fim do mandato é tempo demais quando se trata de vidas.

Responsabilidade por falta de vacinas

Na tentativa de se eximir da responsabilidade pelo fornecimento de vacinas, o governo federal enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) documentos afirmando que há falta de imunizantes em todo o mundo e que a aplicação das doses é tarefa sob incumbência de estados e municípios.

A ação do governo ocorreu depois que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) encaminhou um pedido à Procuradoria-Geral da República (PGR) para que fosse oferecida denúncia ao STF devido à demora na vacinação dos brasileiros. A OAB pediu que o presidente seja processado pelos crimes de perigo para a vida ou saúde de outrem (artigo 132); infração de medida sanitária preventiva (artigo 268); emprego irregular de verbas ou rendas públicas (artigo 315); e prevaricação (artigo 319).

"Quem recusa a oferta de 70 milhões de doses da Pfizer é responsável pelo atraso das vacinas, sim. O governo teve a oportunidade de garantir imunizantes pro povo e negou ? assim como nega a gravidade da pandemia e a ciência. Não adianta tirar o corpo fora?, disse Molon.

Vacinas para empresas privadas

O projeto de Lei que pretende abrir às empresas privadas o direito de adquirir vacinas para aplicação em seus funcionários, em tramitação na Câmara Federal, deve sofrer alteração para que as interessadas na aquisição dos imunizantes sejam obrigadas a utilizar sua cota de doses de acordo com os grupos prioritários estabelecidos pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde. A previsão é de que o novo texto seja discutido nesta terça no colégio de líderes.

A atual legislação contempla que as empresas possam comprar vacinas, mas todo o estoque deve ser doado ao Sistema Único de Saúde (SUS) enquanto o governo não atender a todas as pessoas dos grupos prioritários. Pelo novo projeto, as empresas privadas poderão comprar, distribuir e administrar metade das doses, devendo doar os outros 50% ao SUS.

Empresários de diversos setores manifestaram insatisfação com as regras e passaram a pressionar governo federal e Congresso Nacional por mudanças. Entre as justificativas para alterações na proposta, está o fato de que isso poderia ajudar na retomada econômica.

Desde que as empresas começaram a pleitear mudanças na lei, as farmacêuticas que fornecem os imunizantes informaram que não negociam os produtos com companhias privadas. O Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos) disse que a AstraZeneca, o Instituto Butantan, a Janssen e a Pfizer estão "negociando, fornecendo e distribuindo? vacinas contra a Covid-19 "exclusivamente? aos órgãos federais e organismos públicos internacionais da área da saúde.

Com informações do UOL



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