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Pelourinho vai virar primeiro Distrito Criativo do Nordeste

Gilson Jorge

Com quase R$ 13 milhões em dívidas a receber de locatários de imóveis tombados no Centro Histórico, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) pretende começar a ocupar casarões da região a partir do ano que vem com os chamados empreendimentos criativos (arte, design, gastronomia, moda, etc.). Seria o primeiro do gênero no Nordeste e o segundo no país. O primeiro foi criado em 2015 no Porto Maravilha, cidade do Rio de Janeiro.

O modelo ainda não está fechado, mas A TARDE apurou que a ideia é usar cerca de 300 unidades imobiliárias disponíveis (muitos casarões da área têm diversas unidades) e também substituir os contratos de ocupantes inadimplentes por novos inquilinos.

O objetivo é atrair, por exemplo, lojas que não apenas revendam roupas. Mas ateliês que criem no bairro suas peças e empreguem mão de obra do setor criativo.

A proposta de transformar o Centro Histórico em um distrito criativo já foi aventada em 2005, durante a gestão de Gilberto Gil à frente do Ministério da Cultura, mas nunca saiu do papel. Agora, voltou a ser discutida e será o eixo do workshop internacional Design e Distritos Criativos, que acontece no próximo dia 20, no Sesc Pelourinho.

Os primeiros empreendimentos criativos devem chegar no ano que vem, segundo fontes ligadas ao projeto.

"O modelo ainda não está definido, mas acredito que as locações serão feitas a partir de editais ou mesmo de concessões diretas", arrisca o presidente do Instituto Pensar, Domingos Leonelli. O instituto foi contratado pelo Ipac para desenvolver o workshop e o projeto de implantação do distrito, juntamente com a Garimpo de Soluções, empresa de Ana Carla Fonseca, que é consultora de economia criativa da ONU.

O diretor do Ipac, João Carlos Oliveira, preferiu não se manifestar sobre o sistema de concessão dos imóveis antes de ter uma audiência com o governador Rui Costa, que retornou a Salvador na noite desta quinta-feira de uma viagem de trabalho à China. Mas um espaço que deve ser um dos primeiros a receber negócios criativos é a Praça das Artes (antiga Praça das Artes, Cultura e Memória – ACM), onde todos os imóveis são do Ipac.

O presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), Cláudio Cunha, considera que a grande vantagem do projeto é a ocupação efetiva da área. "O Centro já tem uma boa infraestrutura e, juntamente com as intervenções na Rua Chile e na Avenida Sete, isso tende a atrair investimentos imobiliários no entorno", afirma Cunha.

Olhar contemporâneo

Para a designer e consultora do Sebrae Lívia Fauaze, a implantação de um distrito criativo numa área como o centro da cidade de Salvador é válida. "É uma tentativa de encontrar o caminho que combine tudo o que de tradicional já existe na região, mas trazendo um olhar jovial e contemporâneo, que resulte numa nova atmosfera", considera a designer da Non Stop.

"Neste aspecto o design é uma disciplina que tem muito a contribuir, tanto no processo de concepção do projeto, como no desenvolvimento do placebranding", diz. Placebranding é uma expressão em inglês que significa a construção de uma marca para um país, cidade ou região específica.



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