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ECONOMIA CRIATIVA NO PDDU DE SALVADOR

(artigo publicado no jornal Atarde, coluna Opinião, no dia 26/04/2016)

Salvador é, sem dúvida, uma cidade criativa. Já era, antes mesmo do termo entrar em moda e se transformar em categoria sócio-econômica-urbanística.

Música, artes plásticas, teatro, turismo, cinema, dança, gastronomia, artesanato, desenho de jóias e de moda, arquitetura, editoração, museus, tecnologias sociais, entretenimento, já fazem parte da economia criativa da cidade há muitos décadas. Nos últimos anos o desenvolvimento de softwares, o desenho industrial, os jogos eletrônicos (em pequena escala), a formação de capital humano, ganharam estruturas importantes como o CIMATEC e o Parque Tecnológico, este último do Governo do Estado. Essas estruturas, junto com as universidades, colocam a cidade no curso do esforço pela inovação que é o principal motor da economia criativa.


Salvador sedia, também, o Observatório da Economia Criativa da UFBA, que já tem no seu portfólio dois excelentes seminários internacionais sobre o tema.


Se tomarmos como comparação o Diagnóstico da Economia Criativa de São Paulo, veremos que 66% das atividades estão na Região Metropolitana de São Paulo capital. E se juntarmos as regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas, São José dos Campos, veremos que 90% da Economia Criativa do Estado de São Paulo concentram-se nas cidades dessas regiões. Creio que Salvador, Feira de Santana e Recôncavo Baiano, obteriam resultados semelhantes.


Ou seja, a Economia Criativa, embora exista pontualmente em pequenos e longínquos municípios, é um fenômeno da concentração urbana, justamente onde se observa também a maior concentração de desemprego.


O que há de comum entre os estados de São Paulo e Bahia é que nenhum dos dois estados possui ainda uma política pública para a Economia Criativa. São Paulo, entretanto, já deu o primeiro passo com a elaboração de um Plano Estratégico que inclusive teve a coordenação do Instituto Pensar.


A Inglaterra, desde o final dos anos 90, por iniciativa do governo neo-trabalhista de Tony Blair, transformou a Economia Criativa numa verdadeira estratégia econômica, investindo nos ativos intangíveis (capital humano, inovação em softwares, patrimônio artístico e cultural, exportação de filmes, livros e dados). E já o Brasil, nos governos do PMDB, PSDB e PT e aliados, continuam jogando todas as suas fichas na velha economia industrial e na exportação de comodites. E entrando na era da economia do conhecimento apenas como consumidor.

Voltando a Salvador, a Prefeitura vem tomando ao longo das últimas décadas algumas boas iniciativas pontuais, como a profissionalização do carnaval iniciada no governo de Lídice e bem desenvolvida por ACM Neto, a efêmera Fábrica do Carnaval no Governo de João Henrique, a recente inauguração da Casa do Rio Vermelho de Jorge Amado, bem como o projeto do Museu da Música. Essas e outras são, no entanto, iniciativas isoladas. Não se constituindo numa política pública global.

A discussão do novo PDDU está coincidindo com a elaboração de um diagnóstico da Economia Criativa a ser realizado pelo SEBRAE. Talvez não dê tempo de termos um mapeamento completo da Economia Criativa em Salvador, mas creio ser possível abrir no PDDU de Salvador um espaço institucional para os Distritos Criativos. E tal como foi feito em São Paulo, regulamentada depois em lei ordinária apresentada pelo vereador Andrea Matarazzo

Mesmo sem um diagnóstico, aqui em Salvador dispomos de algumas pistas óbvias para definir os Distritos Criativos: o Pelourinho, o Rio Vermelho, o Curuzu, a Ribeira agora com o Mercado Yaô, bela iniciativa de Margareth Menezes e o Candeal com o genial Carlinhos Brown.

A inclusão da Economia Criativa no PDDU de Salvador não dispensa o município, nem o Estado, de formularem políticas públicas para a área. Mas seria um bom começo.

Domingos Leonelli
Ex-Deputado Federal e Presidente do Instituto Pensar



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