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O TURISMO ENTRE PONTES, ESTRADAS E PETROBRAS

Uma coisa é certa: o Governador Jaques Wagner cumpriu sua promessa de 2007, quando ao assumir o governo disse que iria redescobrir a Baía de Todos os Santos. Nunca se discutiu tanto a nossa Baía, nunca tantos projetos, velhos e novos, foram formulados. E nunca tantos investimentos foram planejados para a BTS. Do ponto de vista do turismo, no que pese ser a maior baía do Brasil, com 56 ilhas, várias baías internas, temperatura e visibilidade da água, velocidade de ventos, ótimos para esportes náuticos, a Baía de Todos os Santos possui apenas um único hotel internacional de grande porte, o Club Med.

Isso sem contar com o parque hoteleiro de Salvador, que também faz parte da Baía de Todos os Santos. Salvador, contudo, é a capital da Bahia e, portanto, capital de todas as 13 zonas turísticas do estado. E ademais Salvador, ao longo dos anos, ficou meio que de costas para a Baía de Todos os Santos. Seu desenvolvimento foi puxado para a Costa Atlântica e o Litoral Norte. E a opção pelo transporte rodoviário, aliado a outros fatores, digamos, mais específicos, conduziram o turismo baiano ao Litoral Norte, principalmente pela Estrada do Coco.

Agora a Baía de Todos os Santos coloca-se em primeiro plano. O projeto da ponte Salvador – Itaparica, a ideia da Via Litorânea ou Via Envolvente contornando a Baía, o Terminal de Regaseificação que a Petrobrás está implantando na área da Ilha dos Frades, são as vedetes do debate. Todos os projetos, menos o do Terminal de Regaseificação, é claro, citam o turismo como beneficiário. E nesse ponto talvez caiba um aprofundamento maior do debate. Que tipo de turismo seria beneficiário de projetos rodoviários como a ponte e a estrada? Provavelmente, seriam atraídos investimentos em equipamentos tradicionais como os que já existem em Salvador, Praia do Forte, Imbassahy. E isso seria muito bom. Mas o melhor mesmo é que a Baía de Todos os Santos possa atrair investimentos para um tipo de turismo que gaste mais, induza a criação de novas fontes de geração de emprego e renda e respeite a natureza. E que turistas são esses? São os turistas náuticos, ecológicos e culturais. São os velejadores, os locatários de lanchas, os mergulhadores, os pesquisadores, os interessados no rico histórico patrimônio cultural e natural da Baía de Todos os Santos.

Eles gastam cinco vezes mais que o turista de lazer tradicional e de sol e praia. Estimulam a implantação de marinas, de bases de "Charters Náuticos", de oficina de reparos náuticos, de produção artesanal, de restaurantes típicos. E sabe-se que cada embarcação acima de 25 pés é capaz de gerar 7 (sete) postos de trabalho na cadeia produtiva da náutica. O turismo náutico é a principal vocação econômica da Baía de Todos os Santos. E isso também é reconhecido pelo Ministério do Turismo e pelos organismos internacionais.

Assim é que atendemos a exigência do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, no sentido de que o Prodetur criasse um novo produto turístico e cultural, concentrando 170 milhões de investimentos na Baía de Todos os Santos. O Governo da Bahia e o BID estarão, nas próximas semanas, assinando um contrato de financiamento para investimentos em bases náuticas (atracadouro e receptivo com comunicação náutica, lanchonetes, restaurantes típicos, banheiros, abastecimento de barcos, lan-house, loja de artesanato), recuperação do patrimônio histórico com respectivos acessos (Museu Wanderley de Pinho, por exemplo), formação de mão de obra qualificada, produção e recuperação de saveiros e embarcações turísticas. Os investimentos contemplarão, de uma forma ou de outra, 18 municípios da área da Baía de Todos os Santos e sua extensão do Rio Paraguaçu. De Santo Amaro a Salvador. Sua primeira obra será a requalificação do Terminal Náutico, o antigo Cais da Baiana, que terá a sua marina pública ampliada em 40 vagas. Tudo de forma a atender as indispensáveis exigências do Turismo Náutico: de onde sair e onde chegar.


Domingos Leonelli
Ex- Secretário de Turismo do Estado da Bahia
02.05.2013



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